Título: Próto – Sun of Justice (Sol da Justiça)
Intérpretes: Próto – John Michael Boyer; John Rassem el Massiah
Edição: Cappella Romana
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A data do Natal pode ter sido estabelecida de três procedências: a festa romana do Sol invicto, a comemoração persa do nascimento de Mitra, cognominado Sol da Justiça, ou a própria celebração que os cristãos começaram a fazer, como que dizendo que Jesus era o verdadeiro sol da justiça e o único que pode dar a luz e a vida. A imagem da luz é, desde sempre, associada ao Natal (e também a outras festas do “nascimento”, como o Chanucá judaico ou o Divali hindu, por exemplo). Este projecto Próto, em disco duplo, celebra Jesus como Sol da Justiça, e surge da colaboração entre dois proto-psaltes, ou primeiros cantores: John Michael Boyer, da metrópole grega ortodoxa de São Francisco; e John Rassem El Massih, da Igreja Ortodoxa Antioquiana da América do Norte. O primeiro disco reúne cantos de Natal em grego e árabe, enquanto o segundo apresenta composições contemporâneas de John M. Boyer. O diálogo estabelecido, entre composições bizantinas tradicionais e a linguagem contemporânea que busca a sua raiz na tradição, é indescritivelmente belo: o primeiro disco oferece-nos a sonoridade antiga, estranha, de uma igreja ortodoxa tradicional, no Médio Oriente, alternando o canto entre o grego e o árabe; o segundo leva-nos a uma igreja ortodoxa nos Estados Unidos, com música bizantina e os textos cantados em inglês, uma sonoridade que lhe dá modernidade. Um intenso e profundo disco de Natal.
A história de Alcíone vem da mitologia grega: Apolo vence Pan num concurso musical em que este pede que se deixem de «chorar os horrores da guerra» porque esta cria heróis e «deuses na terra». Mas Apolo alega que, com a paz, «tudo ri, tudo brilha nos campos» e quando ela «desaparece, todo o esplendor se desvanece». Quando os pastores festejam a vitória de Apolo no concurso, este conta a história de Alcíone, filha de Éolo, senhor dos ventos, que ia casar com Céix, rei de Tráquis, mas que enfrenta vários opositores ao seu propósito. A tragédia acaba com a morte de ambos, enganados pelos adversários, mas Neptuno decide devolvê-los à vida e conceder-lhes o poder de acalmar tormentas. A história era também uma forma de celebrar Luís XIV, que se reconciliara com Roma, e é simbolizado na figura de Apolo: «Amável Paz [...]/ feliz cem vezes o vencedor que só se arma/ para dar-te ao Universo.» Espectáculo total, como caracteriza Agnès Terrier a obra maior estreada em 1706 por Marin Marais, este triplo disco é a versão integral gravada em Maio de 2017 na Opéra Comique, em Paris, em que a força da música permite “ver” a energia cénica que dela emana. Uma tragédia lírica que celebra o amor e a traição, o desejo e a morte, a humanidade e a maldade. Música grande, música pura.
Título: Alcione – Marin Marais
Intérpretes: Le Concert des Nations; dir. Jordi Savall
Edição: Alia Vox