Tudo começa com o ritmo vibrante dos tímpanos, a que depois se junta o coro: «Alegrai-vos, cantai felizes! […] Deixai o temor e as penas!» Esta Oratória reúne seis cantatas de Natal, compostas para as festas natalícias de 1734-35, em Leipzig, celebrando o nascimento de Jesus, a anunciação aos pastores e a adoração do Menino, a circuncisão e o baptismo de Jesus, a viagem dos magos e a Epifania. Ou seja, todo o mistério do Natal, que em termos litúrgicos termina precisamente com a Epifania e Baptismo de Jesus. E é tudo isso que este disco contém: o júbilo, a surpresa, a solenidade, a peregrinação e o espanto que de novo celebra a alegria do nascimento, condensada e proclamada nesta Oratória. Se Natal é todos os dias, este duplo disco é para se ouvir muitas vezes ao longo do ano, como só um génio merece e a qualidade de Savall confirma.
Título: Weihnachts-Oratorium (Oratória de Natal)
Intérpretes: Katja Stuber, Raffaele Pe, Martin Platz, Thomas Stimmel, La Capella Reial de Catalunya, Le Concert des Nations; dir. Jordi Savall
Edição: Alia Vox | vgm@plurimega.com
Uma meditação sobre o tempo que corre, em doze meses e doze andamentos, é a proposta deste disco. Baseado nuns «singelos poeminhas», como muito modestamente o poeta António Salvado falava do seu poema Do Ano Os Meses, no concerto de apresentação, em Castelo Branco, a 8 de Dezembro. O disco começa, em Janeiro, com uma pergunta: «Serás que promessa/ em futuro a vir?» E termina a responder com uma proposta: «Olhemos então/ a luz do Presépio/ com o coração/ aos outros aberto.» Entre os dois, está a marcha do tempo, que a música de Custódio Castelo (e a guitarra) tão bem captou: frios, renascimentos, vivacidade, tardes tranquilas, danças, trabalhos dobrados, silêncios, noites, de novo os frios e a promessa...
Título: Do Ano os Meses
Autores: António Salvado (poemas) e Custódio Castelo (música)
Intérpretes: João Roiz Ensemble e Ana Paula Gonçalves (voz)
Edição: bilheteira.ctavenida@gmail.com
Na busca de uma renovada linguagem litúrgica musical, a experiência do Laboratório (promovido pelos Jesuítas em 2019, não gravado em disco) ou agora esta obra, que reúne composições de Alfredo Teixeira e João Andrade Nunes, são dois exemplos do melhor que se pode fazer na beleza, exigência e diálogo cultural a par do melhor da Europa. Com um acrescento importante: a poesia de José Augusto Mourão, usada em vários dos temas compostos por Teixeira. A perspectiva comunitária, dada logo no início com o belíssimo Vimos do Mar e da Montanha, que dá título ao disco, continua depois em outras peças de qualidade rara em Portugal. A linguagem musical desta obra, como outros trabalhos de Alfredo Teixeira já revelaram, não se separa da cultura envolvente, antes com ela dialoga. Um disco que é obrigatório disseminar, para que muitas celebrações litúrgicas ganhem em beleza.
Título: Vimos do Mar e da Montanha
Autores: Alfredo Teixeira e João A. Nunes
Intérpretes: Ensemble São Tomás de Aquino, André Ferreira (órgão); dir: João Andrade Nunes e Maria de Fátima Nunes
Edição: comercial@paulus.pt