O cardeal português D. José Tolentino Mendonça alertou num encontro-conversa sob o tema “Um olhar esperançado sobre este tempo”, realizado no centro do Graal, em Lisboa, para a «crise da esperança» na sociedade contemporânea.
O poeta e escritor, responsável pelo arquivo e a biblioteca do Vaticano, sublinhou que se vivem tempos de «grande conflitualidade» e mencionou que existem «regressões» que são «desconcertantes» a nível político e social. «Nós vemos isso na forma como tantas comunidades europeias lidam com a questão dos refugiados e dos imigrantes, no fundo, a questão do outro. E, de facto, há uma conflitualidade latente», precisou.
D. Tolentino referiu que «um dos dados contraditórios da nossa contemporaneidade é que, numa aldeia global, onde temos acesso a toda a informação, onde podemos ser vizinhos de situações e vivências tão distantes das nossas, cada vez mais estamos enclausurados no mesmo, no idêntico».
Neste contexto, o cardeal indicou quatro eixos-chave para a «construção do olhar» a partir de quatro pontos cardeais do pensamento do Papa Francisco: o tempo é superior ao espaço; a unidade prevalece sobre o conflito; a realidade é mais importante do que a ideia; o todo é superior à parte.
O cardeal madeirense considera necessário «interpretar o tempo com esperança, com coragem», inspirados pelo Papa Francisco, para «habitar a mudança, os tempos de crise, os tempos de acelerada transformação».
D. Tolentino, na resposta a uma pergunta do Joaquim, uma criança de 11 anos, referiu que «a esperança é quando nós percebemos que alguém nos pode salvar, que há uma boa nova, uma boa notícia, há portas que se vão abrir».