Cheguei à Zâmbia em 2016. Durante estes últimos cinco anos tenho estado na diocese de Mongu, onde trabalho na pastoral. A diocese é bastante recente, pois foi erigida em 1997. Tem treze paróquias, a maioria nas áreas rurais e com difícil acesso devido ao terreno arenoso.
Catequese
As Missionárias Combonianas assumimos há alguns anos a coordenação diocesana do Departamento de Catequese. Neste departamento criamos e preparamos material na língua local e aplicamos programas formativos. Quando cheguei, uma irmã e uma equipa de catequistas estavam a trabalhar no manual de preparação dos sacramentos de iniciação cristã para crianças, que se chama Sikomora e consta de dois livros. Durante a edição do manual conheci muitas pessoas que colaboram seja na redacção de temas seja nas traduções e na revisão final. Tive, assim, oportunidade de aprender um pouco mais sobre a sua cultura, a língua e o modo de trabalhar e, ao mesmo tempo, colaborar com os meus dons artísticos na elaboração da capa e de outros materiais.
Outra actividade foi a adaptação dessas catequeses para a rádio local. Este meio de comunicação chega até às zonas mais remotas da diocese, por isso, todo o material se adapta para o transmitir em inglês e na língua local.
Formação de líderes e catequistas
Outro aspecto muito enriquecedor é a formação e acompanhamento de líderes e catequistas. Quando o bispo entregou Sikomora oficialmente nas paróquias, dedicámo-nos, com uma equipa de líderes, a visitá-las para dar a conhecer aos catequistas a metodologia e os conteúdos do manual, junto com outras ferramentas que facilitem a transmissão da mensagem às crianças. Para mim, foi uma experiência singular; normalmente passávamos quatro dias em cada paróquia. Surpreendia-me muito como os catequistas deixavam os seus compromissos durante esses dias para vivê-los plenamente com o grupo, aprendendo e partilhando o seu conhecimento e a sua fé.
Em 2017, a Igreja zambiana celebrou 125 anos de fundação. Com este motivo, preparámos alguns líderes para animar o Dia Mundial das Missões desse ano nas respectivas paróquias. Todas as comunidades responderam positivamente, enviando alguns líderes ao ateliê formativo. No fim, os participantes decidiram fazer actividades para animar todo o mês missionário e não só a jornada missionária.
Pastoral juvenil
Depois de dois anos no campo da catequese, pediram-me que assumisse o Departamento Diocesano de Pastoral Juvenil. Esta proposta era, para mim, um grande desafio, pois incluía a administração da instituição, algo que nunca tinha feito. Pensei e rezei alguns dias antes de dar uma resposta. Atraía-me, e ao mesmo tempo atemorizava-me um pouco, a ideia de trabalhar com a juventude num âmbito tão amplo. O apoio e a confiança das minhas irmãs de comunidade foram decisivos, assim como o eco das palavras de São Daniel Comboni que dizia «salvar a África com a África»; ressoava muito no meu coração a ideia de «salvar os jovens com os jovens». Sendo uma irmã jovem, podia ligar-me com os jovens e caminhar com eles no seu processo de fé e ajudá-los a ser evangelizadores de outros. Com essa motivação, lancei-me na aventura e, realmente, não me arrependo; foram anos maravilhosos, ricos de experiências que me ajudaram a crescer como pessoa e como missionária comboniana.
Em 2019, surgiu o grupo de animadores missionários que tinha sonhado para os jovens da diocese. O grupo começou com sete pessoas e hoje somos mais de 30 os que participaram nos ateliês e se comprometeram de uma ou outra maneira nas diferentes actividades. São eles mesmos que convidam e animam outros jovens a integrar o grupo. Durante a pandemia são eles que dão a mão a algumas famílias mais vulneráveis, levando-lhes alimentos ou arranjando-lhes as suas casas. Com eles realizamos em mais de vinte povoados uma campanha de prevenção da covid-19.
Apesar das dificuldades e desafios que encontrei, tanto no departamento de catequese como no juvenil, sinto que este labor me ajudou a crescer e a dar valor às muitas experiências que a vida me deu. Partilhar com as pessoas, sobretudo com os jovens, fez-me sonhar e arriscar a percorrer com alegria um caminho que jamais tinha imaginado.
|