Igreja
19 novembro 2022

Uma vida ao serviço dos mais pobres

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No dia 20 de Novembro, o padre José Ambrosoli, missionário comboniano, será beatificado em Kalongo, no Uganda. Dedicou a sua vida ao serviço dos doentes e a promover a formação dos africanos.
Redacção
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José Ambrosoli nasceu a 25 de Julho de 1923 em Como, no Norte da Itália. Depois do ensino secundário, José inscreveu-se na Faculdade Médico-Cirúrgica da Universidade de Milão, mas teve de interromper os seus estudos por causa da Segunda Guerra Mundial.

Após o armistício de 8 de Setembro de 1943 [Armistício de Cassibile, mais propriamente a rendição incondicional da Itália], arriscando a sua vida, comprometeu-se a ajudar um grande número de judeus, ex-militares e desertores da República Italiana, destinados aos campos de concentração nazis, a procurar refúgio na Suíça. As autoridades da República de Salò alistaram-no e enviaram-no com outros estudantes de Medicina para a Alemanha para o campo de treino em Heuberg (Estugarda). Durante este tempo, amadureceu a sua vocação missionária.

Após a guerra, retomou os seus estudos médicos e formou-se em 1949. Ingressou nos Missionários Combonianos do Coração de Jesus. Fez os seus primeiros votos e foi ordenado sacerdote a 17 de Dezembro de 1955. Partiu para África um mês e meio depois. Na missão de Kalongo fundou o hospital que serviu como médico-cirurgião por mais de trinta anos.

Médico da caridade

Em Kalongo, José contribuiu com o seu trabalho incansável para levar a pleno florescimento as obras de saúde da missão. Com o seu trabalho desenvolve o centro de saúde de Kalongo e consegue que seja declarado hospital. A estrutura é grande e funcional: 350 camas e 30 pavilhões. Também inicia uma escola para preparar obstetras e enfermeiras. Mais tarde, associou também o hospital de Kalongo aos centros que podiam atender os doentes de lepra.

O serviço do P.e José, realizado com tenacidade e fortaleza, foi constantemente inspirado por uma frase sua que o definiu e o fez entrar no coração de todos os que eram tratados por ele com total dedicação, infinita ternura e competência: «Deus é amor e eu sou seu servo para o povo sofredor.» O P.e José caracterizava-se pela sua grande hospitalidade e generosidade, foi para todos os que o encontravam a boa notícia do Deus Pai misericordioso.

 

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Em 1984, os médicos detectaram-lhe uma insuficiência renal significativa e aconselharam-no a não voltar a África ou, no máximo, a dedicar-se apenas a tarefas administrativas e a abster-se de fazer trabalho que ocasionasse um grande desgaste físico, nomeadamente realizar operações.

Entretanto, a guerra civil, que varreu o Norte do Uganda, causou bastantes problemas ao P.e José. Os soldados do Norte, enfurecidos pela derrota, procuravam pessoas do Sul para vingar-se. O hospital estava cheio de ugandeses do Sul que tinham procurado refúgio. Mais de uma vez, o missionário teve de enfrentar soldados armados no portão do hospital, pois queriam entrar à procura de «inimigos escondidos».

Em Janeiro de 1986, o novo regime de Yoweri Kaguta Museveni instalou-se em Campala. Após alguns meses de relativa calma, os soldados acholis reorganizaram-se e lançaram um movimento guerrilheiro. Em Janeiro de 1987, o exército, incapaz de resistir à situação de assédio constante por parte dos guerrilheiros, forçou todo o pessoal de Kalongo a abandonar a missão.

Os missionários foram para a cidade de Lira. A única preocupação do P.e José era encontrar um novo lugar para a escola de parteiras, para que as alunas não perdessem o ano lectivo. Depois de um mês de esforços e dificuldades intermináveis, a escola estabeleceu-se na missão de Angal, na região ugandesa do Nilo Ocidental.

A saúde do P.e José, já minada por graves insuficiências renais, agravou-se em resultado destes enormes esforços e sacrifícios. Quando regressou a Lira, no início de Março de 1987, para organizar a transferência das alunas e das religiosas responsáveis pela escola, adoeceu com insuficiência renal aguda.

Colaborou em tudo para se preparar e partir ao encontro de Deus. Coube ao P.e Marchetti, seu companheiro, colher as suas últimas palavras no dia 27 de Março de 1987: «Senhor, faça-se a tua vontade – depois como um suspiro – mesmo que fosse uma centena de vezes.»

Beatificação

O P.e José será beatificado no dia 20 deste mês de Novembro (a cerimónia foi adiada dois anos por causa da pandemia), na paróquia de Kolongo, lugar onde viveu e trabalhou como missionário. No dia 28 de Novembro de 2019, o Papa Francisco tinha autorizado a Congregação para as Causas dos Santos da Santa Sé a publicar os decretos relativos a três milagres, de entre os quais o milagre atribuído à intercessão do novo beato: uma senhora com um tumor maligno foi curada miraculosamente no hospital de Kalongo.

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Novembro 2024 - nº 751
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