Nos arredores da capital chinesa, no sopé das montanhas de Taihang, a poucos quilómetros da Muralha da China, países e organizações expõem o melhor que fazem e reflectem no que querem fazer para «Viver Verde, Viver Melhor», que é o lema do evento.
É num edifício em forma de borboleta que se dá início à aventura na Exposição Internacional de Horticultura de Pequim 2019. É uma construção majestosa e colorida, que combina paisagens naturais com inovação tecnológica, e faz lembrar uma mariposa que se diverte pacificamente voando pelos campos.
Esta é a porta para o parque de exposições que abrange uma área equivalente a 503 campos de futebol. Nele, 110 países e organizações internacionais montaram pavilhões em que expõem o que os caracteriza como civilização ecológica. Em cada pavilhão, expõe-se a sabedoria milenar adquirida na relação entre pessoas, horticultura e Natureza, lembram-se as tecnologias antigas e mostram-se as mais recentes, debatem-se os desafios relacionados com os recursos naturais e projectam-se evoluções.
No discurso na cerimónia de abertura, o secretário-geral do Bureau Internacional de Exposições, Vicente G. Loscertales, declarou: «Com uma grande diversidade de jardins e mais de 2500 actividades culturais, a Expo 2019 Pequim irá, em seis meses, inspirar e educar os visitantes sobre a importância da horticultura para melhorar a qualidade de vida e garantir o futuro das próximas gerações. Este vibrante evento serve como plataforma para a cooperação internacional e para a partilha das recentes tecnologias e inovações que sustentam a Natureza e melhoram as nossas vidas.»
A China que se expõe
O Pavilhão Chinês ocupa o centro do parque de exposições. É curvo, em forma de ruyi, o ornamento tradicional chinês que simboliza boa sorte. A imaginação faz o visitante deslizar por encostas, rios e vales. A estrutura baseia-se na sabedoria das habitações antigas, em árvores, em cavernas, junto aos mananciais da vida, e deseja transmitir os ideais de uma civilização ecológica.
No interior do Pavilhão Chinês e no Pavilhão Botânico exibe-se o património e a história da horticultura e jardinagem chinesa. Uma estufa abriga 1200 espécies de plantas nativas, como peónia, lótus, orquídea, camélia e rododendro. Nestas constam mais de 100 espécies raras, como o sândalo-vermelho e a Ficus variegata. Por sua vez, o Pavilhão da Experiência da Vida é um laboratório de genética de plantas, onde os visitantes podem apreciar flores coloridas e perfumadas, e aprender sobre as mais recentes pesquisas dos cientistas chineses no sequenciamento do genoma de plantas.
A China quis reunir os encantos de todo o país. Recriaram um jardim da Província de Anhui, no Leste da China. Tem casas brancas com telhas cinza inclinadas. As casas ficam perto de um lago cristalino. No pátio, as rochas dão passagem a cascatas que irrigam pinheiros, ameixeiras e olmos. E não foram esquecidas as mais de 200 espécies nativas daquela província, em que se incluem as que correm risco de extinção, como a Parrotia subaequalis. Wang Yin, desenhador-chefe deste jardim, sublinhou que o interesse não é só expor, mas também mostrar os esforços que estão a ser feitos para cuidar destas espécies.
Espécies raras de plantas foram, igualmente, transplantadas de outras partes da China: um pinheiro de três metros de altura das Montanhas Qinling, no Noroeste do país, e um salgueiro de 100 anos do Tibete. De cada uma das 34 subdivisões do país, incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan, há elementos naturais e culturais icónicos expostos ao ar livre. É, por exemplo, o jardim gigante de pandas da província de Sichuan; são as Grutas Mogao em miniatura, da província de Gansu; é a cópia de uma casa antiga de uma aldeia da Região Autónoma do Tibete; é a reprodução da antiga Rota do Chá e do Cavalo no Norte de Yunnan; são as casas tradicionais na cidade turística de Dali; ou, ainda, um conjunto de estátuas de bronze exibindo o processo de produção do chá Pu’er.
Fiel ao lema «viva verde, viva melhor», a China montou o parque da exposição com extremo zelo ecológico e sustentável, associando conceitos arquitectónicos tradicionais, sabedoria e novas tecnologias.
O Pavilhão Chinês é uma estrutura resguardada pela terra, de modo que esta preserve e regule naturalmente tanto o calor quanto a humidade no interior. A estufa e todas as plantas são irrigadas por um sistema de colecta de águas da chuva no telhado e no subsolo há um tanque de armazenamento. Mais de mil painéis fotovoltaicos instalados no telhado de aço produzem energia solar.
Durante a construção do parque, as 50 mil árvores existentes foram preservadas, e foram plantadas outras 100 mil para apurar as condições das zonas húmidas, purificar a água e fornecer habitats para as aves migratórias. Os resíduos da construção, como pedras e lama, foram usados em paredes, caminhos e estradas. Respeitou-se uma zona intermediária entre o parque da exposição e o Guihe River Forest Park, para não perturbar os mais de 100 tipos de plantas, aves, insectos e animais selvagens que abriga.
O mundo exposto em Pequim
Os pavilhões e jardins construídos pelos expositores internacionais reportam a cultura e experiências únicas de cada país ou organização.
O Pavilhão do Azerbaijão, por exemplo, é baseado numa concha, que simboliza o dinamismo e a paixão pelo desenvolvimento e inovação do país. E foi plantada uma romãzeira, que é símbolo nacional de prosperidade e fertilidade.
O jardim do Japão cria uma harmonia perfeita entre o pátio, as plantas, a água e as montanhas distantes.
O Pavilhão da Tailândia é uma casa típica da sua região central, cercada por flores, vegetais e árvores de fruto.
Há uma réplica dos terraços de Moray, um antigo sítio do Império Inca que se acredita ser o primeiro laboratório de ciências agrícolas da América do Sul.
De África, reproduzem-se duas aldeias, em que a vida humana está totalmente interligada com os recursos naturais: terra, árvores, água, animais.
O Pavilhão do Vaticano esboçou o espaço com o objectivo de promover as mensagens ecológicas expressas pelo Papa Francisco na carta encíclica Louvado Sejas e tem em exposição, entre outras coisas, um herbário e um livro dedicado às propriedades medicinais de ervas e plantas.
Mensagem para o mundo
A exposição de Pequim está montada para ser reconhecida como um exemplo de vida ecológica. Sustenta-a o bom exemplo do país que, nos últimos quarenta anos, duplicou a área coberta com florestas.
O presidente chinês, Xi Jinping, no discurso de abertura expôs os cinco princípios do evento: harmonia entre os humanos e a Natureza, prosperidade baseada no desenvolvimento verde, paixão por estilos de vida naturais, espírito científico nas políticas ecológicas e esforços conjuntos para enfrentar os desafios ambientais.
São esperados 16 milhões de visitantes.