LIVROS
Título: «Eu Sou uma Missão»
Autor: George Augustin
Editor: Paulinas | www.paulinas.pt | Tel. 219 405 640
Vida é missão
George Augustin traça o objectivo de uma Igreja centrada em Deus e que se torna verdadeiramente missionária, sendo cada crente a encarnação da missão. Num texto de fácil leitura, não denso, mas bem delineado para levar ao leitor a compreensão da necessidade de mudança, o autor deixa o «convite a todos a que escutem o apelo de Cristo para que cada um de nós assuma a tarefa da evangelização como uma missão pessoal e um anseio do coração».
Muito mais do que ter uma, é-se! Missão não é um exclusivo dos tradicionalmente identificados como missionários e George Augustin garante que a Igreja será tanto mais missionária quanto mais cada cristão estiver focado na sua relação com Deus, pois «a missão de fé não vive dos critérios mundanos de poder e da eficiência, mas sim dos critérios e perspectivas intrínsecos da própria fé!».
Para onde olhar em primeiro lugar? Para dentro: «A primeira e fundamental tarefa não consiste em acusar um disseminado esquecimento de Deus ou na agressividade perante um ateísmo crescente; pelo contrário, consiste em superar o quotidiano esquecimento de Deus dentro da própria Igreja». E daí “tudo” se seguirá, aponta George Augustin.
O autor não deixa ainda assim de enquadrar o contexto actual: o da Igreja e o do mundo. O olhar é crítico e tanto questiona a incapacidade da Igreja de trazer para junto de si muitos que se dizem espirituais e religiosos, como lhe reconhece faltas do passado. O empenho e determinação na missão são, até por isso, reforçados.
Já na análise aos tempos actuais da sociedade ocidental, tanto enquadra os movimentos New Age influenciados por novas descobertas científicas (da física quântica a novas teorias do Universo) e a sua ligação a expressões de religiosidade esotérica, como identifica uma «alienação que constitui um contexto de experiências que abarca as relações das pessoas consigo próprias e com os outros seres humanos [...] que conduz a uma profunda opressão interior».
Devidamente contextualizado pelos primeiros capítulos deste livro e já com outra possibilidade de entendimento, o leitor é depois conduzido ao momento em que Augustin oferece doze passos para uma espiritualidade missionária que assim ganha outro corpo. Apresentados de forma não demorada, não permitindo que a leitura se torne repetitiva ou que se perca a sequência da contagem, estes doze passos são o esquema ou a cábula para que se possa medir o pulso à prática de vida; são o diapasão que permite verificar se o dia-a-dia é vivido no tom certo.
Este Eu Sou uma Missão vem organizar e ordenar lógicas, argumentos e ideias para reforçar que missão é para cada um. O próprio papa o afirma ao anunciar: a vida é Missão.
(Filipe Messeder)
www.guerraepaz.pt | Tel. 213 144 488Os conhecimentos e as competências são indispensáveis e indissociáveis na formação dos alunos. Os dois conceitos estão interligados e é possível avaliá-los com rigor e objectividade. Este livro, de dois professores universitários da Nova FCSH e da FLUL, mostra que essa dicotomia não faz sentido.
Título: «Conhecimentos vs. Competências»
Autores: João Costa e João Couvaneiro
Editora: Guerra & Paz
A vida movida por valores, crenças e ideias. A importância da reflexão e o valor da empatia e do amor. As transformações, as experiências e o crescimento na vida pela apresentadora de televisão, que partilha o que viveu e sentiu nas suas peregrinações a Fátima.
Título: «Fátima – O meu caminho, a minha fé»
Autora: Fátima Lopes
Editora: Manuscrito
www.manuscrito.pt | Tel. 214 347 000
DISCOS
Título: Joy
Intérpretes: Aka Trio
Edição: ARC Music | vgm@plurimega.com
Uma das músicas deste disco intitula-se «Saudade» e trata precisamente da nostalgia de algo que se perdeu ou se deseja reencontrar, como só a palavra «saudade» descreve – pelo menos, achamos nós, Portugueses, enquanto falarmos a nossa língua e não continuarmos a ceder à tentação da subordinação ao inglês. Uma das virtudes musicais do senegalês Seckou Keita é a forma como ele aborda outras linguagens musicais ou culturais e as transforma numa nova língua sem trair a origem nem criando qualquer “fusão”, antes reconhecendo cada contributo e originalidade. Ao mesmo tempo, tanto faz isso quando trabalha a solo (como nos discos Mali ou 22 Strings/Cordes), como quando o faz com músicos tão diversos como a harpista galesa Catrin Finch, o baixista italiano Davide Mantovani, o percussionista gambiano Surahata Susso e o violinista egípcio Samy Bishai (que compuseram o quarteto de Tama-Silo (Viagem), ou agora neste Joy (Alegria), com o italiano Antonio Forcione (guitarra) e o brasileiro Adriano Adewale (percussão). Aqui, o diálogo não podia ser mais jubiloso, desde o primeiro tema, que dá título ao disco e entra suave mas firmemente para mostrar do que se fala. Depois, o percurso faz-se por diferentes expressões da alegria (onde também cabe a saudade, já se vê), até concluir com uma «Choix de Joie» (Escolha de Alegria). E que escolha feita por estes homens, que têm todas as razões para, na capa, se mostrarem felizes – não é que nos fazem também felizes com um disco assim?... É ouvir, é ouvir. Com esta alegria pura e não plastificada se entra bem num ano novo.
Título: Journey to Morocco
Intérpretes: Vários
Compilação: Julia Beyer
Edição: ARC Music | vgm@plurimega.com
Esta é uma antologia especial, que não se reduz apenas a lugares-comuns e a um estilo de música para relaxar ou mostrar uma expressão mais exótica. Logo a abrir, o disco diz ao que vem, com uma oração intensa de ritmo, como quem dança pelo caminho: “Ó Deus, rezo ao nosso profeta. Nós somos o espírito de Gnawa [espírito escravo]. Deus para sempre.” O disco é isto mesmo, um reflexoda intensa espiritualidade árabe e berbere tão bem traduzida na música dessas culturas e, neste caso, da espiritualidade e cultura marroquinas. Com temas e ritmos dançantes e harmoniosos, por vezes intensos ou levados ao êxtase, o disco apresenta uma selecção de primeira água de músicas que celebram a fé em Deus, o amor, o casamento, a família e os povos vizinhos, o mistério da morte ou a oração. Neste último tema, podem citar-se «La illah illa Allah» (que é como quem diz “Deus é único, o meu Deus é santo”), que começa em registo de meditação para ir progredindo lentamente e cada vez mais forte – uma expressão que se repete, de forma igualmente intensa, no último tema; ou «Tazalit», tema tradicional da espiritualidade berbere, “um festim” para os sentidos, como se diz nas notas à música. Mas o mesmo se pode dizer de todo o disco, ao qual os instrumentos tradicionais ou o cruzamento com expressões como o flamenco adicionam ainda outros sabores inesperados.