A multifacetada Elisa Lucinda, de 62 anos, não concorda com a expressão «ninguém é insubstituível». Ou melhor, com a interpretação mais comum que se faz da frase, como se as pessoas se devessem contentar com a sua insignificância, ou como se houvesse pessoas que podem ficar para trás ou à margem da vida, porque ninguém conta com elas ou não precisa delas. Para esta poetisa, jornalista, cantora, actriz e professora brasileira, cada pessoa é realmente insubstituível, porque cada um de nós é um ser único, dono de uma personalidade original e com uma tarefa única, inadiável, necessária na sociedade e no tempo que nos cabe viver. Substituíveis são os cargos, os empregos, que um dia são ocupados por uns, e, no outro, podem ser feitos por outros.
Elisa Lucinda é uma mulher madura, plenamente identificada com o que é e o que pode dar ao mundo. Nasceu numa família de classe média e cresceu no bairro de Itaquari, em Cariacica, Estado do Espírito Santo, na costa centro do Brasil. E aí soube colher o melhor que o seu ambiente lhe podia dar. Desde a infância, procurou, apreciou e interagiu com as belezas naturais do Espírito Santo. As opções variam do mar à montanha, de serras cobertas por matas inexploradas a pontões rochosos, de águas turvas dos manguezais às águas cristalinas das lagoas. E tudo isso, como ela costuma dizer, ficou-lhe escrito de forma maravilhosa no peito.