Pelo menos treze mil crianças e jovens foram mortos na guerra da Síria, segundo estimativas das Nações Unidas. Katia Sioufi sobreviveu. Nalguns dias, apenas alguns segundos podem ter decidido se ela ou outra pessoa iria jazer sem vida no passeio em frente do portão da escola. Imagens que a jovem, agora com 23 anos, guardará para sempre. Imagens de uma guerra que mudou para sempre a sua casa, a sua vida e o seu futuro.
Katia tinha 11 anos quando a guerra começou. Levou muitos dos seus amigos. A família manteve-se intacta, pelo menos exteriormente – o pai Elias, a mãe Violet, o irmão mais novo Georges. A irmã mais velha, Maria, deixou a Síria há muito tempo e refugiou-se na Hungria com o marido. Nos próximos anos, Katia só poderá comunicar com a sua sobrinha mais nova por telemóvel. Apesar de tudo, Katia é uma afortunada, pois não faz parte do grupo de dois milhões de crianças da Síria que não frequentam as aulas há anos. Elas não puderam aprender porque as suas escolas foram destruídas, os seus professores fugiram ou a pobreza os obrigou a ir trabalhar. O bairro de Jaramana, onde vive Katia, um subúrbio no Sudeste do antigo centro da cidade de Damasco, foi violentamente atacado durante anos, mas a escola manteve-se de pé apesar dos impactos dos obuses e das bombas. Por vezes, os professores vinham só de manhã. Em casa, raramente tinha alguém à espera durante o dia. Os pais procuravam arranjar dinheiro para a família, mesmo no meio do caos da guerra.