Para falar da minha vocação, tenho de recordar a minha experiência na paróquia comboniana Cristo Missionário del Padre, situada na periferia de Lima, no Peru. Desde criança e adolescente participei com grande entusiasmo nos grupos de acólitos, liturgia, catequese e jovens. Sinto que a minha vocação para a vida religiosa missionária nasceu do contacto que tive com os combonianos que lá conheci. Marcou-me muito o seu testemunho de vida e, sobretudo, a proximidade com as pessoas. Eram sacerdotes «com cheiro de ovelha», como diz o Papa Francisco. Serviam com muita dedicação o povo simples e pobre, esforçando-se para ser sinal de um Deus próximo. Foi isso que me chamou a atenção e me motivou a querer ser missionário.
Caminho formativo
Animado pelo testemunho dos combonianos, comecei um caminho de discernimento mais aprofundado para poder descobrir o que Deus queria para mim. Com muitos medos e dúvidas, mas com a convicção de que Deus me acompanharia, no ano de 2008 ingressei no postulantado dos Missionários Combonianos, naquela que é a primeira etapa de formação para a vida religiosa, e iniciei os estudos de Filosofia. Foi uma experiência muito positiva e pude partilhar as minhas inquietações vocacionais com jovens peruanos e chilenos que tinham o mesmo ideal e queriam ser missionários ao estilo de São Daniel Comboni.
Depois fui para o México por quase dois anos para continuar o meu processo de formação. Foi a primeira vez que saí do meu país e tive uma experiência internacional. Nesse período, reafirmei o meu desejo de seguir Jesus Cristo e dedicar a minha vida à missão segundo o carisma dos Missionários Combonianos. Por isso, em 2014 fiz os primeiros votos religiosos. Para realizar os estudos teológicos, os meus superiores destinaram-me ao Quénia. Estive nesse país da África Oriental por quase quatro anos e a experiência que fiz ficou marcada no meu coração.
Ir para outro continente e aprender novos idiomas foi, sem dúvida, um grande desafio para mim. Como missionário, foi necessário abrir a mente e o coração, afiançar a vontade e a determinação de aprender com as pessoas, conhecer a sua cultura e os seus costumes. A partilha quotidiana com os Quenianos ajudou-me a confirmar a minha vocação para a vida religiosa missionária.
Depois de terminar os meus estudos no Quénia, fui destinado à Ásia. Passei o primeiro ano no Vietname a estudar a língua e, em seguida, vim para Taiwan para aprender chinês. Foi ali que entreguei a minha vida para a missão, com a consagração perpétua a Deus e ordenação diaconal na paróquia comboniana que servimos nos arredores de Taipei. Posteriormente, regressei ao Peru, onde fui ordenado sacerdote para o serviço do povo de Deus.
Missão em Taipei
Actualmente, sirvo como pároco numa paróquia da periferia da cidade onde vivem os combonianos em Taipei (Taiwan). A paróquia é pequena, pois a percentagem de católicos na região é baixa, no entanto, a comunidade cristã é viva e muito entusiasta na expressão da sua fé. A paróquia é muito peculiar, pois acolhe imigrantes vietnamitas e pessoas provenientes da China continental, de Hong Kong e Taiwan. É um verdadeiro lugar multicultural, em que a fé é o ponto de encontro e união. Na paróquia realizamos diversas tarefas pastorais, nomeadamente o acompanhamento de grupos de crianças e adolescentes, o atendimento de migrantes, a pastoral indígena, a visita a famílias, os cursos bíblicos.
Todavia, porque a nossa paróquia está junto de uma casa para doentes de lepra, oferecemos o nosso serviço como voluntários e cuidamos deles com muito carinho, apesar de a maioria deles não ser cristã. É uma bela oportunidade para o encontro inter-religioso e o diálogo com os nossos irmãos budistas e taoistas.
Normalmente, tendemos a pensar que os missionários são os que ensinam as pessoas sobre Deus. Não obstante, considerando a minha curta experiência no Vietname e em Taiwan, acho que é o oposto. São as pessoas que encontro que, na sua simplicidade, me revelam o rosto misericordioso de Deus. Na verdade, são elas que me ensinam a ser um pároco missionário, incentivando-me a ser uma pessoa próxima, com disponibilidade para aprender dia a dia com elas, que comigo partilham a sua cultura, a sua fé e a sua experiência com o nosso Deus, que é amor e está presente nos seus corações.
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