No dia 22 de Outubro, celebramos o Dia Mundial das Missões. Na mensagem para este ano, com o lema «Corações ardentes, pés ao caminho», o Papa Francisco tem como referência o episódio dos discípulos de Emaús, contado com mestria narrativa por Lucas (cf. Lc 24,13-35). Sendo este trecho evangélico uma síntese do que é o Evangelho e do que é o caminho dos cristãos, o papa apresenta três imagens sugestivas: corações ardentes pelas Escrituras explicadas por Jesus, olhos abertos para O reconhecer e pés ao caminho. Referimos brevemente estes três aspectos que, nas palavras do papa, traçam o itinerário dos discípulos-missionários e nos permitem «renovar o nosso zelo pela evangelização no mundo de hoje».
A primeira cena do texto evangélico apresenta os protagonistas da história: dois discípulos que não têm nome – são paradigma dos discípulos de todos os tempos e lugares – que deixavam Jerusalém frustrados e desiludidos depois da morte de Jesus. No caminho, aproxima-se deles um homem e começam a caminhar juntos; o desconhecido interpela-os, escuta-os com atenção e explica-lhes as Escrituras. Essa exegese bíblica, transformando-os e iluminando-os, dá-lhes um novo olhar, faz-lhes perceber a história da Salvação e o projecto de Deus realizado em Jesus. Refere o papa que, também hoje, estamos chamados a deixar «que Ele faça arder o nosso coração, nos ilumine e transforme, para podermos anunciar ao mundo o Seu mistério de salvação com a força e a sabedoria que vêm do Seu Espírito».
Lucas continua a narração assinalando que os discípulos pediram ao misterioso Viandante que ficasse com eles, pois estava a anoitecer. Encontrando-se sentados à mesa, Ele fez memória da Última Ceia. Com esse gesto de partir e repartir o pão, os olhos dos discípulos abriram-se e eles compreenderam que era Jesus, que o Senhor verdadeiramente tinha ressuscitado. Nesse momento, deixaram de O ver, mas isso não foi um problema, pois eles sabiam que o Ressuscitado permanecerá com os seus seguidores para sempre. O papa refere que este texto convida cada discípulo-missionário a «tornar-se, como Jesus e n’Ele, graças à acção do Espírito Santo, aquele-que-parte-o-pão e aquele-que-é-pão-partido para o mundo».
Finalmente, Lucas conta-nos que, com o fogo de Jesus no coração e a visão alargada pelo acontecimento pascal, os discípulos levantaram-se e com pés céleres puseram-se ao caminho, pois queriam testemunhar a todos a experiência do encontro com o Senhor da Vida. Uma imagem, sublinha Francisco, que nos recorda «a validade perene da missio ad gentes, a missão confiada pelo Senhor ressuscitado à Igreja: evangelizar toda a pessoa e todos os povos até aos confins da Terra».
A evangelização da África foi a paixão de São Daniel Comboni, a quem o Papa Francisco dedicou a audiência geral do passado dia 20 de Setembro. Ele, «uma pessoa enamorada por Deus e pelos irmãos», é um santo universal que continua a inspirar a missão da Igreja. Uma tarefa evangelizadora que todos os baptizados estão chamados a assumir com paixão, coragem e alegria, pois hoje, mais do que nunca, «a Humanidade, ferida por tantas injustiças, divisões e guerras, precisa da Boa Nova da paz e da salvação em Cristo».
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