A palavra «escola» vem do grego escolé, que significa lazer, tempo livre. Este significado pode parecer estranho à primeira vista, considerando o contexto moderno da palavra mais relacionado com o lugar de instrução, mas faz sentido quando se considera a visão da educação na Grécia Antiga.
Naquela época, o tempo livre era muito valorizado. Era o tempo em que as pessoas se dedicavam ao estudo, à reflexão e ao debate de ideias. Portanto, a educação não era vista como uma tarefa ou obrigação, mas como uma actividade que dava prazer viver, sendo realizada no tempo livre. Era o privilégio daqueles que se podiam dar ao luxo de não trabalhar.
A escolé começou por ser o local dedicado às actividades apreendedoras, mas ao longo do tempo evoluiu para significar: «lugar de instrução». À medida que a palavra se espalha pelo Mediterrâneo, diferentes línguas e culturas começam a adaptá-la. No latim, tornou-se schola, mantendo o significado de um lugar para instrução ou aprendizagem e daí que em português digamos «escola» por ser uma língua derivada do Latim. Com a modernização do ensino e a fé depositada no efeito positivo das ferramentas digitais, será que voltará a escola a ser um espaço orientado para uma visão de cada pessoa como apreendedor ou dar-se-á o protagonismo à funcionalidade económica da aprendizagem que pretende fazer de cada criança mais um empreendedor no futuro? O futuro será mais assegurado pelos empreendedores ou pelos apreendedores?
Imaginem uma sala de aula em que o professor pede aos alunos que somem todos os números inteiros de 1 a 100. Foi o que fez J. G. Büttner quando queria ocupar os alunos por algum tempo com esta tarefa aborrecida. Entre os alunos com idades em torno dos 8 anos encontrava-se um rapazinho que rapidamente apresenta a solução: 5050. Como fez? Reparou que 1+100=101=2+99=3+98, logo, bastaria multiplicar o mesmo resultado (101) pelos 50 pares de números à sua disposição, resultando em 5050. Este rapaz chamava-se Johann Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e tornou-se um dos maiores matemáticos da nossa História. Como teriam os professores de hoje reagido a um aluno que apresentasse esta solução original? Teria Carl Gauss inventado esta solução se tivesse diante dele uma interface digital ou máquina de calcular em vez de uma simples folha de papel? O que poderá garantir que os nossos jovens façam no período escolar da sua vida uma experiência apreendedora marcante para o resto da sua vida?
Alguns poderiam pensar que bastaria limitar o uso de interfaces digitais na escola e usar técnicas de persuasão psicológica para que os jovens compreendessem o valor de prestar atenção ao professor, mas isso não resulta.
Assumindo que uma família, no seu dever ser, é o ambiente mais propício para o saudável desenvolvimento psicossomático de um jovem, se a escola fosse como uma família, mas no formato de comunidade apreendedora, mesmo que a família falhasse nessa missão, creio que a escola daria uma oportunidade ao jovem de recuperar a potencialidade de ser um apreendedor.
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