O Papa Francisco convocou o Jubileu de 2025 com uma mensagem centrada na esperança – cujo lema é Peregrinos da esperança – fazendo referência ao texto programático do seu pontificado, a exortação apostólica A Alegria do Evangelho, na qual nos interpela a não deixarmos que nos «roubem a esperança». Na mesma linha, no passado dia 9 de Maio, com a bula Spes non confundit (A esperança não desilude), cujo título se inspira numa passagem de Romanos 5,5, o papa comenta diferentes aspectos da Teologia paulina e procura reavivar a chama da esperança daqueles que passaram «da confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida».
Francisco define a vida cristã como um caminho de esperança e recorda que «somos chamados a redescobrir a esperança nos sinais dos tempos que o Senhor nos oferece», prestando atenção «a tudo o que há de bom no mundo, para não sermos tentados a considerar-nos vencidos pelo mal e pela violência». Nesse sentido, aponta, com optimismo, diferentes sinais de esperança visíveis no mundo: o desejo de paz, que emerge de todos os povos, no meio de tantas guerras; a abertura à vida com uma maternidade e uma paternidade responsáveis; a assistência aos doentes – considerando que o cuidado de quem sofre «é um hino à dignidade humana, um canto de esperança que exige a sincronização de toda a sociedade»; o acompanhamento dos jovens, que tantas vezes vêem desmoronar-se os seus sonhos; o serviço aos migrantes, que deixam a sua terra à procura de uma vida melhor para si próprios e suas famílias – ver o trabalho das religiosas na páginas 44-49; a atenção aos idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono; a solicitude pelos mais pobres e excluídos.
Na linha do jubileu bíblico – um ano de redenção, libertação e restituição –, o papa lembra que «os sinais dos tempos, que contêm o anélito do coração humano, carecido da presença salvífica de Deus, pedem para ser transformados em sinais de esperança» e convida a uma conversão activa, que se expresse em iniciativas concretas. Pede empenho da diplomacia para se «construírem, de forma corajosa e criativa, espaços de negociação em vista de uma paz duradoura». Condena a «chaga escandalosa» da fome e renova o apelo, feito já na encíclica Fratelli Tutti, «para que, “com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres”». Exorta os responsáveis das nações mais ricas a que «reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las», pois «é uma questão de justiça». O papa, que irá abrir uma porta santa numa cadeia, anima os governos a que «tomem iniciativas que restituam esperança aos presos: formas de amnistia ou de perdão da pena que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade».
Francisco convida, ainda, cada comunidade cristã a estar «sempre pronta a defender os direitos dos mais fracos», alertando para os «preconceitos e isolamentos» que afectam migrantes, exilados, deslocados e refugiados», com a certeza de que, como refere o cardeal Tolentino Mendonça na obra A Mística do Instante, «o amor é o caminho que nos leva à esperança».