O Papa Francisco visitou entre os dias 2 e 13 de Setembro passado, na viagem mais longa do pontificado, Indonésia, Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Singapura (ver páginas 38-47). Das muitas palavras – Francisco continua a ser um porta-voz das periferias e do Sul global – e gestos que ficam na nossa memória desta histórica viagem, destaco a imagem do papa a abordar um avião da Força Aérea Australiana para ir a Vanimo, no Noroeste de Papua-Nova Guiné, para visitar os missionários argentinos e o povo que os acolheu. Francisco, que quando era jovem sonhava ser missionário no Japão, ansiava realizar essa viagem a um dos locais mais periféricos do mundo. Lá, foi acolhido com alegria e abraçado por crianças, homens e mulheres que vestiram os seus trajes coloridos de festa.
Como nos indica o papa com a sua proximidade aos mais afastados e marginalizados, ser missionário significa, antes de mais nada, partilhar a vida, as penas, as alegrias e as esperanças do povo com o qual se caminha. Significa dar testemunho de um Deus que é amor. Assim o expressa o Santo Padre na mensagem para o Dia Mundial das Missões: «A missão de levar o Evangelho a toda a criatura deve ter, necessariamente, o mesmo estilo d’Aquele que se anuncia. Ao proclamar ao mundo “a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado” (Evangelii gaudium, 36), os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles (cf. Gal 5, 22); sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que reflectem o modo de ser e agir de Deus.»
A mensagem pontifícia para o Dia Mundial das Missões (ver páginas 16 e seguintes), que se celebra no dia 20, tem como tema Ide e convidai a todos para o banquete, acentuando que a missão cristã é pôr-se a caminho para testemunhar a alegria do Evangelho. No texto, Francisco frisa que «a missão é ida incansável rumo a toda a Humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Por isso, a Igreja continuará ultrapassando todo e qualquer limite, saindo incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor». E sublinha que «todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às “saídas dos caminhos” do mundo actual». E lança um apelo a todos os baptizados, para que «nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do Cristianismo».
E no contexto da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária, que se realiza de 2 a 27 deste mês em Roma (ver páginas 48-49), processo eclesial que «deverá relançar na Igreja o seu empenho prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo», Francisco assinala que «a missão para todos requer o empenho de todos. Por isso, é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionária ao serviço do Evangelho».