Opinião
02 outubro 2019

Somos missão!

Tempo de leitura: 4 min
Nenhum discípulo de Jesus pode negar ou delegar o compromisso de ser missão no mundo.
Bernardino Frutuoso
Director
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Em Outubro, por decisão do Papa Francisco, vamos viver um Mês Missionário Extraordinário sob o tema Baptizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo. Uma celebração que se enquadra no centenário da carta apostólica Maximum illud, que Bento XV publicou em 30 de Novembro de 1919 para relançar a actividade evangelizadora da Igreja. É, portanto, um tempo propício para «reencontrar o sentido missionário da nossa adesão de fé a Jesus Cristo, fé recebida como dom gratuito no Baptismo» e a compreender que «cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus», como sublinha o Santo Padre na mensagem para o Dia Mundial das Missões.

A missão ad gentes, até aos confins do mundo, está na origem histórica e teológica da Igreja e é inerente à sua identidade, mas, frequentemente, esta dimensão é ignorada ou ocupa um lugar secundário na pastoral das Igrejas locais. Por isso, com este Mês Missionário pretende-se despertar a consciência da missão além-fronteiras e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral, pois «a acção missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja» (A Alegria do Evangelho, 15). Com essa certeza de ser «missionários por natureza», partilhamos e procuramos pôr em marcha o anseio do Papa Francisco: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo actual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade» (A Alegria do Evangelho, 27). Para concretizar esse sonho eclesial de ser e estar «todos, tudo e sempre em missão», exige-se um compromisso de conversão pessoal, comunitária e pastoral, que configure nos baptizados uma autoconsciência eclesiológica missionária e renove o ardor e a paixão por testemunhar ao mundo o Evangelho da vida e da alegria (cf. Lc 24, 46-49).

Os missionários sem fronteiras, homens e mulheres que deixam tudo para anunciar a Boa Notícia na África, na Ásia, na América Latina e nas geografias mais problemáticas do Ocidente, são chamados por Deus para consagrar a vida inteiramente a testemunhar o Evangelho da alegria. Encarnam o rosto mais visível da Igreja em saída, uma Igreja que tem a coragem de partir com audácia e entusiasmo para caminhar nas periferias existenciais do mundo e testemunhar aos mais pobres e vulneráveis o amor e a misericórdia de Jesus Cristo. Esses irmãos e irmãs universais lembram a cada baptizado que, de acordo com o seu carisma e estado de vida, está chamado a realizar a sua vocação cristã em plenitude, a sair de si e ser missionário, pois nenhum discípulo de Jesus pode negar ou delegar o compromisso de ser missão no mundo.

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Editorial
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