Terminamos o ano com Portugal e o mundo preocupados com a tormenta da pandemia causada pelo novo coronavírus e as suas numerosas consequências pessoais, sociais e económicas. No contexto destas aceleradas mudanças, que estão a configurar uma nova época, o Papa Francisco tem sido uma das vozes proféticas mais preeminentes no espaço público-mediático e um autêntico guia espiritual. Tem falado da capacidade de resiliência, da generosidade e da criatividade de tantas pessoas. E tem feito ressoar a voz dos mais pobres, alertando para a injustiça e o aumento das desigualdades, que, nesta nova conjuntura, assumiram formas mais dramáticas. Terminamos o ano com Portugal e o mundo preocupados com a tormenta da pandemia causada pelo novo coronavírus e as suas numerosas consequências pessoais, sociais e económicas. No contexto destas aceleradas mudanças, que estão a configurar uma nova época, o Papa Francisco tem sido uma das vozes proféticas mais preeminentes no espaço público-mediático e um autêntico guia espiritual. Tem falado da capacidade de resiliência, da generosidade e da criatividade de tantas pessoas. E tem feito ressoar a voz dos mais pobres, alertando para a injustiça e o aumento das desigualdades, que, nesta nova conjuntura, assumiram formas mais dramáticas. O papa tem sublinhado que, desta metacrise, a Humanidade deve sair melhor, mais fraterna e solidária, sugerindo propostas concretas para a era (pós-)pandemia. É nessa perspectiva que se enquadra a última obra de Francisco, intitulada Vamos Sonhar Juntos, escrita em colaboração com o jornalista Austen Ivereigh. No texto, o pontífice revisita a sua história pessoal, evocando os seus momentos de sofrimento, e propõe caminhos para um futuro melhor para a Humanidade.Para descrever o contexto actual, o Santo Padre recorre à analogia do labirinto do escritor Jorge Luis Borges (1889-1986), presente no conto «O jardim dos caminhos que se bifurcam» (1944). Os seres humanos, assinala o papa, percorremos os numerosos caminhos interligados deste labirinto e, nesses percursos, podemos assumir diferentes atitudes. Optar por ficar a olhar-nos de modo egocêntrico no próprio espelho, sem nunca sair do labirinto, ou trilhar trajectos que nos levem ao encontro das outras pessoas, abandonando o individualismo e a «cultura selfie». Traçamos, assim, itinerários de libertação e comunhão, aprendendo a «olhar os olhos, os rostos, as mãos e as necessidades daqueles que nos rodeiam» e descobrindo «o poder dos nossos rostos, das nossas mãos cheias de possibilidades». Francisco refere-se à crise originada pela covid-19, mas o seu olhar é mais amplo. «A crise da covid-19 parece única porque atinge a maior parte da Humanidade. Mas é especial apenas pela sua visibilidade: existem mil outras crises igualmente terríveis, mas dado que para alguns de nós parecem distantes, comportamo-nos como se não tivéssemos nada que ver com isso», explica o papa. O pontífice, num comentário aprofundado dos temas que expõe na encíclica Fratelli Tutti, debruça-se sobre os múltiplos problemas que flagelam o mundo: guerras, tráfico de armas, questão dos migrantes e refugiados, fome, situações de crise social – como os bairro-de-lata, «onde as crianças carecem de água e educação» –, e os diversos danos causados pelas alterações climáticas.Ao longo do livro, o papa trata, igualmente, as grandes questões do seu pontificado, nomeadamente a ecologia integral, o aborto, a defesa da vida humana. Neste tempo de Natal, celebramos o nascimento do Filho de Deus, esperança e salvador de todos os povos. Renova-se, por isso, o convite de Deus aos discípulos missionários: deixar o Emanuel nascer verdadeiramente na gruta do nosso coração e, assim, com Jesus, servir com alegria os nossos irmãos e irmãs – particularmente os mais pobres – e continuar a sonhar com um mundo melhor para a Humanidade.
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