A Páscoa é a grande festa dos cristãos, o dia da ressurreição de Jesus Cristo. Naquela mesma sexta-feira, ali a poucos metros da cruz onde Jesus acabava de morrer, alguns amigos sepultaram-no à pressa, antes do cair da noite, pois já estavam para começar os rituais do sábado, o dia santo. Passado o sábado, ao nascer do primeiro dia dessa semana Maria de Magdala (Madalena) foi ao sepulcro
e encontrou-o vazio. Logo depois, o próprio Jesus apareceu-lhe vivo e falou com ela. Depois foi aparecendo também aos outros discípulos. Quando lhes apareceu pela última vez, no dia da Ascensão, enviou-os a anunciar a sua mensagem por todo o mundo com a promessa: «E eu estarei sempre convosco...» (Mt 28, 20).
Sabemos que os primeiros grupos de discípulos, em Jerusalém e também ao Norte, na Galileia, onde Jesus tinha vivido mais tempo, continuaram a ir à sinagoga ao sábado, mas encontravam-se também entre eles no primeiro dia da semana para o rito do «partir o pão», como Jesus tinha feito com os primeiros discípulos na última Ceia, antes de morrer. A cada primeiro dia da semana, “partiam o pão” celebrando a ressurreição e a presença de Jesus. Nascia assim a nossa Eucaristia e o nosso domingo!
Com o passar dos anos, os Hebreus celebravam a Páscoa, no dia 14 do mês de Nisã, e os cristãos celebravam a ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana logo a seguir. Só alguns séculos mais tarde é que esse dia passou a ser chamado domingo (dia do Senhor), em Roma.
Sabemos que, por volta do ano 155, São Policarpo, bispo de Esmirna (Turquia), viajou até Roma para aí discutir com o bispo Aniceto a melhor data para celebrar a Páscoa. Policarpo, com os cristãos no Oriente, continuavam a fazer a festa no domingo a seguir à Páscoa judaica, que começava no equinócio da Primavera. A data da Páscoa judaica estava ligada aos antigos ritos da Primavera – passagem dos rebanhos para as pastagens mais altas, mas celebrava sobretudo a grande passagem dos antigos Hebreus que saíram da escravidão do Egipto, passaram o mar Vermelho, e o deserto, até conseguirem passar o rio Jordão, para chegarem, livres, à Terra Prometida, a Palestina.
Cristo foi crucificado quase certamente na sexta-feira antes da Páscoa dos Hebreus. E os cristãos começaram logo a ver na morte e ressurreição de Cristo uma dupla passagem (Páscoa) ainda mais importante: ressuscitando, Cristo passou da morte para a vida, e nós cristãos, pelo Baptismo, participamos na sua morte e ressurreição e passamos, também nós, para a vida nova que Ele nos oferece.
Notemos que a nossa festa da Páscoa continua associada à Primavera: é sempre no domingo que se segue à primeira lua cheia da Primavera no hemisfério norte. E por isso os símbolos da vida nova típica da Primavera foram-se associando às festas da Páscoa: as flores na cruz da visita pascal, os ovos (vida que se transforma e cresce).
Esta associação da Páscoa com a Primavera ajuda-nos a entender como o Cristo que passou da morte para a vida agora caminha sempre connosco, para fazer da nossa vida um caminho de páscoa-passagem à vida nova que Ele oferece.
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