Quem descobriu há pouco a fé cristã não sente necessidade de fórmulas feitas. Vive sobretudo a experiência de encontro com a pessoa de Cristo e a alegria de partilhar o seu novo caminho com outros irmãos e irmãs que já vivem dessa maneira. Foi isso que aconteceu com aqueles dois discípulos que caminharam para Emaús no dia em que Jesus tinha ressuscitado. Escutaram-no caminhando com Ele, sem saber quem ele era e, depois de o reconhecerem finalmente no gesto do pão repartido, sentados à mesa, eles regressam a Jerusalém, cheios de alegria, felizes por poderem contar aos outros a experiência maravilhosa que tinham feito.
Os outros, em Jerusalém, também já tinham que contar, e resumiram a sua experiência daquele dia com Jesus em três palavras: (Jesus) morreu, ressuscitou e apareceu, a Simão e depois aos outros.
Na comunidade dos discípulos, conforme cada um ia encontrando Jesus vivo e ia partilhando com os outros a sua experiência, estas três palavras – morreu, ressuscitou, apareceu – começaram a ser como a chave que resumia a experiência de todos. E foi assim que começaram a formar-se as primeiras “fórmulas de fé”, o primeiro “Credo”.
Anos mais tarde, quando escreve à comunidade de Corinto, São Paulo vai usar essas mesmas três palavras para lembrar que esse é o coração da fé cristã que todos partilhamos, mesmo se a vivemos cada um de maneira pessoal. A fórmula de fé que São Paulo usa (1 Cor 15,3-8), era já de uso comum nas comunidades. As três palavras principais lá estão: Cristo morreu, ressuscitou e apareceu. Mas aqui Paulo já dá alguma explicação:
Morreu – pelos nossos pecados: isto é, ele não foi simplesmente uma vítima de injustiça. Na sua morte ele estava a oferecer a sua vida para nos abrir o caminho do perdão e da misericórdia de Deus;
Ressuscitou – e acrescenta, «segundo as Escrituras»: isto é, estes acontecimentos realizam o plano de Deus para salvar a humanidade, e nós compreendemos esse plano lendo e meditando a sagrada Escritura;
Apareceu – e acrescenta, a Simão, depois aos outros apóstolos, depois a um grupo enorme de discípulos e também a mim, Paulo: isto é, ressuscitou para nós, para ser a presença de Deus que nos acompanha sempre.
A quem perguntava a Paulo o que era a sua fé, ele gostava de responder com estas três palavras: Jesus morreu, ressuscitou e apareceu. Estas eram palavras seguras, diziam o centro fundamental da fé cristã. Outras fórmulas foram aparecendo, seja para dizer aquilo em que acreditamos, seja também para rezar de maneira certa, sobretudo quando não sabemos o que dizer: exemplos são o “Glória ao Pai…”, o “Pai Nosso” (essa foi o próprio Jesus que no-la deu). E outras.
Temos assim algumas fórmulas breves, seja para dizer a nossa fé, seja para rezar. Elas oferecem-nos um ponto de referência seguro, sobretudo nos momentos de incerteza. Podemos procurar muitas explicações, mas estas fórmulas breves usadas por todos desde há séculos ajudam-nos a saber que estamos no caminho certo porque a fé que vivemos à nossa maneira pessoal corresponde à fé dos discípulos de Jesus ao longo dos séculos. Na fé, as fórmulas não são tudo, mas ajudam.
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