A pêra abacate impôs-se como um superalimento devido aos inúmeros benefícios para a saúde. De valor nutritivo elevado, é baixa em açúcar, rica em fibra, vitaminas, minerais e gorduras saudáveis, importante no combate ao cancro, artrite, pressão arterial, obesidade, inflamações e até depressões. O grande teor alcalino deu-lhe importância no combate à covid-19. Pode ser consumido simples, em saladas ou aperitivos diversos. Eu gosto dele com limão ou vinho fino no espaço do caroço ou misturado com tomate, cebola e malaguetas picados, o famoso guacamole mexicano. Além da alimentação, o fruto é usado na cosmética e na indústria farmacêutica.
O abacate é originário do México e da América Central. O nome deriva de awa’katl, a sua designação em nauatle, a língua dos Astecas. O México produz um terço da colheita mundial. O Quénia e a África do Sul encontram-se entre os seus dez maiores exportadores. O mercado global desta fruta gerou, em 2019, quase 11 mil milhões de euros e prevê-se que em 2025 atinja os 15 mil milhões. Em 2019, os Norte-Americanos consumiram 1,3 milhões de toneladas desta pêra e, em 2020, os Europeus 1,1 milhões.
A produção do abacate é bastante simples e requer pouca mão-de-obra, excepto na apanha. O abacateiro é das árvores que melhor resiste ao calor das mudanças climáticas, produz sombra e contribui para a formação de chuva, funcionando como regulador ambiental.
A variedade Hass, nativa da Califórnia, é a mais apreciada: o fruto é maior com caroço menor, começa a produzir depois de dois a três anos da plantação, enquanto as espécies nativas levam até oito anos para começar a dar fruto, amadurece rapidamente e tem um tempo mais longo de prateleira.
Agricultores africanos estão a aproveitar a oportunidade, seguindo o êxito do Quénia e da África do Sul. Enxertam a variedade Hass nas espécies locais, mais resistentes às pragas. Quénia, África do Sul, Ruanda, República Democrática do Congo e Camarões formam o grupo dos maiores produtores de abacate na África. Uganda, Tanzânia, Zimbabué, Moçambique, Marrocos e Nigéria também estão a aumentar a sua produção. Etiópia, Angola, Maláui e Zâmbia têm grande potencial para entrar na produção do superfruto, que é exportado fresco, seco ou em óleo (um produto caro e de grande procura).
A produção africana é escoada sobretudo para a Europa e Médio Oriente. A China é um mercado promissor, pois consome mais de 32 mil toneladas por ano. Contudo, o Governo de Pequim é bastante exigente em relação às medidas fitossanitárias devido à mosca-da-fruta e outras pragas. A princípio, exigiu aos produtores quenianos – os primeiros a penetrar no mercado chinês – que exportassem as pêras descascadas e congeladas a temperaturas muito baixas, obrigando a um gasto extra com a rede de frio. Essas exigências foram, entretanto, aligeiradas. O uso de pesticidas ilegais no combate às pragas é outro desafio importante ao cultivo do abacate na África.
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