Rumo a um nós cada vez maior, para além de ser o tema da mensagem pontifícia para o 107.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado no passado dia 26 de Setembro, é uma proposta para este tempo que vivemos.
As celebrações, que aconteceram um pouco por todo o mundo, não encerraram o tema, mas envolvem-nos num convite colectivo: mergulhar na História da nossa humanidade, na nossa identidade e missão enquanto Igreja, inspirar a nossa capacidade de sonhar e construir juntos.
Em actualização está a consciência de que estamos todos no mesmo barco ou estamos todos no mesmo mar, com barcos diferentes... e com a crescente preocupação de não deixar ninguém para trás; mais do que ontem estamos cientes de que as desigualdades do nosso mundo foram agravadas, durante este tempo de pandemia. E a resposta passa por convergir, construir pontes, promover o encontro, o diálogo, a paz e a reconciliação, instrumentos ao nosso alcance para restaurar a nossa humanidade. É uma tarefa de todos, que envolve o mundo inteiro: as Nações Unidas, os povos do planeta, as instituições governamentais e humanitárias, as instituições religiosas e cada cidadão comum.
Está nas mãos da União Europeia investir numa política de migração regular, criar vias legais seguras, que dignifiquem as necessidades mais básicas do ser humano, diminuindo a atracção pelas rotas ilegais de enorme risco e perigo. Não podemos deixar os países de fronteira a responder sozinhos à pressão migratória. Não podemos desonrar os nossos princípios e valores. Solidariedade e fraternidade são essenciais!
Não basta pensar em salvar a economia na Europa. É preciso, através da coerência das políticas e da cooperação para o desenvolvimento, promover uma economia sustentável em países economicamente emergentes e países que vivem abaixo do limiar de pobreza.
As migrações hodiernas questionam as políticas internacionais e nacionais, afinal somos todos residentes da mesma Casa Comum. E segundo a Igreja Católica somos hóspedes, peregrinos nesta terra.
Estás nas mãos de Portugal ir ao encontro das periferias territoriais e existenciais. Há desigualdades que a bem da coesão social necessitam de ser combatidas. Há restaurações de memória que precisam de ser feitas, feridas históricas que precisam de ser sanadas. Há que promover acesso a uma habitação condigna e a preços suportáveis, há que combater as diferentes formas de violência e exploração humana que infelizmente assume diversos contornos. Urge renovar e fortalecer uma economia cada vez mais sustentável, levando a sério o movimento Economia de Francisco, equilibrando os recursos naturais, valorizando e promovendo os recursos humanos de forma digna e justa.
Está nas mãos da Igreja inspirar este sonho ao jeito de Deus, uma Humanidade cada vez mais fraterna, que aprende a resolver os conflitos em harmonia com a Natureza. Os crentes estão chamados a crescer na capacidade de amar e cuidar uns dos outros, sem deixar ninguém para trás. Cuidar do nosso planeta, cuidar do nosso modo de viver e testemunhar que somos cristãos, sendo cada vez mais construtores de pontes.
|