Opinião
09 janeiro 2022

COP 26: Esperar um acordo que sirva à Humanidade

Tempo de leitura: 3 min
O futuro faz-se caminhando e, enquanto se continuarem a sentar à mesma mesa os líderes mundiais, a esperança de um acordo que a todos sirva deve permanecer viva.
Catarina António
Gestora de Projectos da Fundação Fé e Cooperação
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A COP26, Conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, decorreu em Glasgow de 31 de Outubro a 12 de Novembro de 2021. O acordo, que deveria ter sido fechado dentro destas datas, saiu apenas um dia depois do fim, após grande pressão por parte do Governo do Reino Unido.

Fui uma das «sortudas» de poder participar nesta cimeira. Coloco «sortuda» entre aspas, porque considero que esta COP não foi de todo aquilo que nem eu, nem ninguém que trabalha diariamente estas temáticas, e que se esforça por «mudar pelo planeta, cuidando das pessoas», esperava. Viajei longas horas com o sentimento de «esperança e inquietação» [como sublinhou num artigo de opinião Ana Patrícia Fonseca, coordenadora do Departamento de Educação para o Desenvolvimento e Advocacia Social da FEC, que está bem mais informada sobre estes temas do que eu]. Tinha a inquietação de um acordo que se afigura urgente e inadiável. Mantinha a esperança de que, dentro da sala das negociações, a humanidade se sobrepusesse à economia.

Uma das coisas que mais me marcou nesta COP (além do «fraco» acordo final) foi a falta de coerência dos participantes: juntam-se para lutar pelo futuro do planeta e da Humanidade, mas continuam sem conseguir encontrar o caminho do caixote do lixo. A própria organização da cimeira usou, na sua maioria, materiais descartáveis. A cultura do «usa e deita fora» tem de ser mudada urgentemente.

Ouvi muitas vezes a frase «os católicos sabem tudo, mas não fazem nada». Mas eu questiono: que podemos fazer no âmbito das negociações se existiram restrições sem precedentes no acesso às negociações colocadas às organizações da sociedade civil e às organizações não-governamentais para o desenvolvimento? Não era possível aceder aos negociadores, não era possível intervir e mostrar as preocupações com a justiça climática e direitos humanos em geral. As centenas (senão milhares!) de manifestações que foram acontecendo pela cidade e, em particular, à porta da Blue Zone (zona das negociações) não foram escutadas por quem tinha o dever de o fazer. Ao invés disso, foram plenamente ignoradas.

Qual o papel de nós, católicos, na luta por um acordo justo para todos? Podemos achar que nada nos diz, mas temos a responsabilidade de «arregaçar as mangas» e lutar em prol da Humanidade. Sem um acordo justo e coerente, teremos mais funerais do que nascimentos, para ser curta e grossa. O futuro faz-se caminhando e, enquanto se continuarem a sentar à mesma mesa os líderes mundiais, a esperança de um acordo que a todos sirva deve permanecer viva. Tenho fé e mantenho a esperança! 

(Publicação conjunta da Missão Press) 

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