Opinião
21 maio 2022

Cinco mentes para o presente

Tempo de leitura: 3 min
É legítimo questionar se precisamos de mentes para o presente, que nos ajudem a adaptar a um mundo cada vez mais artificializado e em grande aceleração.
Miguel Oliveira Panão
Professor universitário
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Há uma pergunta que ajuda sempre um estudante a escolher o seu curso universitário: o que imaginas estar a fazer daqui a dez anos? Mas quem já está a trabalhar, talvez há algum tempo, será que se faz esta pergunta? Ou basta continuar a ter emprego dali a dez anos? Estas questões lembram-me o refrão do hino do jamboree dos escuteiros em 1995, gravado até hoje na memória: o futuro começa hoje.

Existe uma ligação intrínseca entre as escolhas que fazemos na nossa vida e os comportamentos. Os hábitos que geram cultura na vida pessoal e comunitária de cada pessoa são o que nos mantém no ritmo que propulsiona na direcção de um futuro incerto e, por isso, repleto de possibilidades. Há uma década que o psicólogo de Harvard Howard Gardner propôs cinco mentes que deveríamos desenvolver no futuro para o bem da sociedade como um todo. Mas se o futuro começa hoje, não deveria haver, também, mentes que deveríamos desenvolver no presente?

De um momento para o outro, com a pandemia, tivemos de alterar os nossos comportamentos e as nossas escolhas. Nesse sentido é legítimo questionar se precisamos também de mentes para o presente que nos ajudem a adaptar a um mundo cada vez mais artificializado e em grande aceleração. Foi nesse sentido que pensei em Cinco Mentes para o Presente.

Mente atenta. Uma mente atenta desenvolve a capacidade de prestar atenção e controlar a intensidade de concentração. Está ciente daquilo que se passa à sua volta, disposta a escutar profundamente, a saber ler os sinais dos tempos e a guardar memória do essencial.

Mente curiosa. Uma mente curiosa interessa-se pelo mundo à sua volta, estimula a criatividade através das questões que a animam, sente o gozo na procura de respostas, tem sede de conhecimento, gosta de interiorizar o que compreende e despertar novos ciclos de curiosidade em aprender, notando sempre em coisas novas.

Mente resiliente. Uma mente resiliente gosta de persistir em vez de desistir quando sente o resistir do caminho. Mantém-se de pé diante da adversidade, sem medo das zonas de desconforto. Persevera para ultrapassar os pontos críticos em cada dificuldade.

Mente humilde. Uma mente que sabe aceitar-se tal como é, com as suas limitações, fazendo nessas trampolim para a transformação criativa que mantém a mente aberta ao novo e inesperado. Nesta mente, a imperfeição não é um defeito, mas uma virtude.

Mente vulnerável. A mais impensável das mentes do presente. A mente vulnerável desenvolve em nós a coragem de nos colocarmos na arena como expressa tão bem Theodore Roosevelt: «Importante, em verdade, é o homem que está na arena, com a face coberta de poeira, suor e sangue; que luta com bravura, erra e, seguidamente, tenta atingir o alvo. [...] É aquele que, no sucesso, melhor conhece o triunfo final dos grandes feitos e que, se fracassa, pelo menos falha ousadamente, de modo que o seu lugar jamais será entre as almas tímidas, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota.» 

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