Há cinquenta anos, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, reconheceu a importância de proteger o ambiente. O encontro histórico pôs firmemente a protecção do meio ambiente na lista de prioridades dos governos, sociedade civil, empresas e decisores políticos, reconhecendo a interdependência entre o planeta, o bem-estar humano e o crescimento económico. Cinquenta anos mais tarde, a reunião «Estocolmo+50: um planeta saudável para a prosperidade de todos e todas – nossa responsabilidade, nossa oportunidade», marcada para 2 e 3 de Junho de 2022, irá comemorar este aniversário e procurará reflectir sobre o meio século de acção ambiental global e as perspectivas futuras sob o slogan Uma Só Terra, transportando a ideia de a Humanidade ser uma única grande comunidade global.
No contexto deste encontro internacional, a sociedade civil lançou a campanha «Restaurar a nossa causa comum: Declaração para Estocolmo+50». Os promotores da iniciativa destacam que «a consciência da nossa interdependência global deve dar origem a uma nova lógica do que nos é comum, redefinindo e reconhecendo os bens comuns globais que suportam a vida na Terra – o sistema planetário que nos une a todos e do qual todos nós dependemos». A campanha faz um apelo às Nações Unidas, às suas agências e a todos os Estados-membros para trabalharem num percurso de quatro passos fundamentais para tornarem possível a necessária mudança de paradigma: pôr em prática o direito a um ambiente saudável; reconhecer, restaurar e salvaguardar os bens comuns globais; construir uma economia regenerativa e priorizar a governação e soluções institucionais.
Vários estudos indicam que se estão a usar mais recursos do planeta do que este é capaz de gerar e é cada vez mais emergente alterar comportamentos, garantindo que cada um de nós aprende a viver de forma sustentável pelo bem-estar futuro da Humanidade.
Assim, todos temos um papel fundamental na promoção de um desenvolvimento sustentável e na promoção de um uso sustentado de recursos, quer seja ao nível do consumo e eficiência energética, transportes públicos eficazes, poupança de água e reutilização da mesma. Também o actual modelo de crescimento económico está a gerar enormes desequilíbrios e se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e abundância no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam quotidianamente. Temos ecossistemas ameaçados, espécies em extinção, cheias, países em pobreza extrema, elevados níveis de poluição e o apelo urgente para reverter a situação actual deve ser levado a sério.
Apesar da proposta da ONU em concretizar os objectivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030, não se tem procurado soluções definitivas junto dos decisores económicos, sociais, políticos e sociedade civil. A verdadeira sustentabilidade vai exigir novas políticas que permitam reconhecer a Natureza como princípio organizativo básico da sociedade, mantendo assim a integridade dos seus processos, ciclos e ritmos, para a melhoria da qualidade de vida e do planeta.
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