Opinião
01 outubro 2022

Ser testemunhas do ressuscitado

Tempo de leitura: 4 min
Os baptizados precisamos de um novo ímpeto missionário, vivendo com paixão a fé e retomando, como afirma o papa, «a coragem, a ousadia e aquela parrésia dos primeiros cristãos, para testemunhar Cristo».
Bernardino Frutuoso
Director
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(© OMP Espanha)

 

No dia 23 de Outubro, celebramos em toda a Igreja o Dia Mundial das Missões. A mensagem que este ano o Papa Francisco dirige a todos os baptizados – da qual pode ler uns excertos nas páginas 19 a 21 – tem por lema «Sereis minhas testemunhas». Estas palavras encontram-se no último diálogo de Cristo Ressuscitado com os seus discípulos antes da Ascensão (cf. Actos 1,8).

O movimento missionário dos primeiros cristãos narrado nos Actos dos Apóstolos, pautado pelo dinamismo e a coragem, «dá-nos uma imagem muito bela da Igreja “em saída” para cumprir a sua vocação de testemunhar Cristo Senhor». A missão é a identidade da Igreja e, portanto, a «comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, dando testemunho de Cristo». Todavia, aos crentes é-lhes pedido que construam a sua vida pessoal «em chave de missão», «não só para dar testemunho, mas também para ser testemunhas de Cristo». Sabendo que se é testemunha de Jesus com o exemplo de vida cristã e o anúncio do Evangelho, pois, como realça o papa, na evangelização estas duas dimensões caminham juntas, «são os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária».

E como a identidade da Igreja é evangelizar, os cristãos são chamados a oferecer Jesus «até aos confins do mundo», «anunciando a todos a Boa Nova da sua salvação com alegria e ousadia», indo «mais além dos lugares habituais para levar o testemunho d’Ele». «A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará “em saída” rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanas “de confim”, para dar testemunho de Cristo e do Seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social», explicita o Papa Francisco.

A missão, portanto, «será sempre também missio ad gentes», missão a todos os povos, como expõe o Concílio Vaticano II. E nessa missão sem fronteiras – cujos rostos e vozes apresentamos todos os meses na Além-Mar –, o missionário está chamado a testemunhar Jesus: sendo perseverante na oração e na escuta da Palavra de Deus; partilhando o tesouro da sua fé com humildade, sem proselitismo; promovendo o diálogo e a comunhão; acompanhando as comunidades e fazendo causa comum com elas, especialmente as mais desfavorecidas; denunciando as injustiças; sendo sinal de esperança... E Francisco sublinha que «a verdadeira testemunha é o mártir, aquele que dá a vida por Cristo». Este mês, por isso, a Igreja faz memória agradecida da entrega generosa de tantos homens e mulheres que testemunham Jesus nos locais mais esquecidos do planeta e, de modo especial, recorda aqueles que deram a sua vida até ao final, como o fez a irmã Maria De Coppi, missionária comboniana assassinada em Moçambique no passado dia 6 de Setembro (ver a página 12).

Neste nosso tempo pós-pandémico, com os seus desafios, dificuldades e oportunidades, todos os baptizados, inspirados e fortalecidos pelo Espírito Santo – protagonista da missão – precisamos de um novo ímpeto missionário, vivendo com paixão a fé e retomando, como afirma o papa, «a coragem, a ousadia e aquela parrésia dos primeiros cristãos, para testemunhar Cristo, com palavras e obras, em todos os ambientes da vida». 

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Editorial
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