Escrever sobre comunicação é sempre um desafio. Escrever sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 é um desafio maior em tudo... Juntar estas duas realidades é tentar superar a dimensão de uma escrita mais racional, para chegar a uma experiência de encontro, a palavra-chave que nos une.
A comunicação procura sempre o encontro. Estejamos a falar da comunicação oral, da escrita ou da visual; estejamos a consumir palavras, música, publicidade; estejamos a ouvir na última fila de uma sala de espectáculos, a dar uma aula ou até mesmo a proclamar a Palavra. Todo o acto de comunicar, mesmo aquele que implica silêncio, tem em si próprio um impulso de comunicar. Mas, como em tantos encontros, a vontade e a escolha, de ambas as partes, são decisivas. Escolho o que leio, o que quero dizer, controlo um comando de televisão, tenho um telemóvel que me liga ao mundo. Escrevo o que me vai na alma, o que quero vender, o que gosto. Faço os posts que quero, nas redes sociais que escolho. Porque existe, ou não, o desejo de um encontro. Mas que nem sempre é amigável ou bem-intencionado. Por todas estas razões, a comunicação precisa de discernimento, de opinião, de pensamento. Hoje mais do que nunca, a comunicação procura o encontro e precisa de reflexão.
A JMJ é um encontro. Um encontro de milhões de jovens, que acontece de forma regular, em países de diferentes continentes, com um programa fixo e um protagonista extraordinário – o papa. E assim tem acontecido de forma ininterrupta desde 1986, em Roma. A mais numerosa jornada de sempre aconteceu em Manila, 1995, com mais de quatro milhões de peregrinos e a mais recente no Panamá, onde foi anunciada a nossa JMJ, que irá acontecer de 1 a 6 de Agosto deste ano. O papa tem insistido na necessidade de fazermos algo de novo, de não cairmos na tentação de olhar para trás, de sermos originais, poetas, capazes de sonhar e de construir uma Jornada aberta a todos, agarrada ao tema que nos foi proposto – «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,39) – sustentada pelo pilar da sustentabilidade e da fraternidade, desafiando os jovens a serem missionários corajosos, capazes de levar o Evangelho a todos. E aqui chegamos ao coração da JMJ, isto é, à possibilidade efectiva de fazer acontecer o encontro pessoal entre cada peregrino e Jesus Ressuscitado, vivo entre nós.
O maior desafio da comunicação da JMJ Lisboa 2023 é o de conseguir comunicar com todos. O desafio de comunicar com quem estará presente, com quem pode estar do outro lado do mundo; comunicar com a imagem, com a escrita, na televisão, na rádio, nas redes sociais, nos cartazes, nos palcos; comunicar com a música, com o silêncio, com a dança, com as emoções; comunicar com a oração, as celebrações. Nunca perdendo de vista a meta do encontro e sabendo que tanto nos escapa. Porque o encontro pessoal de cada um com Jesus vivo é o maior mistério da História da Humanidade. Impossível de prever, de fazer acontecer. Também por esta razão nenhuma jornada pode acontecer sem uma reflexão orante, em que tudo se põe nas mãos de Deus e para tudo se pede a Sua ajuda e intervenção. Rezar pela JMJ é um passo decisivo na sua comunicação, é o primeiro encontro que nos une.
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