Opinião
01 abril 2023

Cuidar da Casa Comum

Tempo de leitura: 4 min
Neste tempo pascal, os discípulos de Jesus estamos chamados a uma conversão ecológica.
Bernardino Frutuoso
Director
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(© 123RF)

 

O Dia da Terra é comemorado todos os anos a 22 de Abril. Esta comemoração visa reconhecer a importância da nossa Casa Comum e alertar para a importância e a necessidade de preservar os recursos naturais do planeta. Este ano, o tema é Investir no nosso planeta, que destaca a importância de dedicarmos tempo, recursos e energia para resolver as alterações climáticas e outros problemas ambientais que afectam a Terra (ver texto na página 9).

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) divulgou no passado dia 20 de Março, na Suíça, um relatório síntese que faz um resumo de seis relatórios publicados entre 2018 e 2023, produzidos por um grupo internacional de cientistas que trabalham sob a égide das Nações Unidas para avaliar as marcas das mudanças climáticas. Os investigadores concluem que as tendências não são animadoras, pois «as emissões deviam estar já a reduzir-se e terão de ser cortadas em cerca de metade até 2030, se queremos limitar o aquecimento até 1,5 graus Celsius», a meta estabelecida no Acordo de Paris em 2015. «Estamos a andar, quando devíamos estar a correr», disse Hoesong Lee, presidente do IPCC, na conferência de imprensa transmitida online em que foi apresentado o documento. Estamos perto do ponto sem retorno onde o objectivo dos 1,5 graus será impossível de atingir e, por isso, exigem-se «reduções rápidas, profundas e sustentadas em todos os sectores», acrescenta o relatório.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo vive uma «bomba-relógio climática» e pediu um corte urgente nas emissões de poluentes. Considera o relatório como um «guia de sobrevivência para a Humanidade», «um apelo claro à intensificação de esforços climáticos de cada país e de cada sector e em qualquer período. O nosso mundo precisa de acção climática em todas as frentes: tudo, em todo o lado, ao mesmo tempo», acrescentou, remetendo para o título do filme que venceu os Óscares este ano. E Guterres referiu, ainda, que os países mais ricos têm a responsabilidade de agir mais rapidamente do que os mais pobres, que são os que mais sofrem com os efeitos das alterações climáticas e não têm recursos para enfrentar situações ambientais críticas.

Na mesma linha, o Papa Francisco mencionou no ano passado num discurso à Academia Pontifícia das Ciências (Santa Sé) que «o fenómeno das mudanças climáticas se tornou uma emergência, que já não permanece à margem da sociedade». E sublinhou que este problema afecta a família humana, «especialmente os pobres e aqueles que vivem nas periferias económicas do mundo». E referia que, neste âmbito, a Humanidade enfrenta dois desafios: «diminuir os riscos climáticos reduzindo as emissões» e ajudar as pessoas a «adaptar-se às mudanças climáticas». Para isso, é necessário que os governos, empresas e a sociedade em geral adoptem o paradigma ecológico e se invista em energias renováveis (ver páginas 16-23).

Dom Hélder Câmara dizia que «depois que Cristo ressuscitou, ninguém tem o direito de andar triste». Neste tempo pascal, os discípulos de Jesus estamos chamados a uma conversão ecológica, agradecendo o dom da Criação, que Deus criou para nossa felicidade e que Jesus renovou com a sua Ressurreição, e preservando a nossa Casa Comum.  

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Editorial
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