O episódio narrado no Evangelho de São João (Jo 5, 2-9), que fala do paralítico que havia muitíssimo tempo esperava que alguém o ajudasse a entrar na piscina de Betzatá para recuperar os movimentos, ilustra o sofrimento da paralisia e a paralisia do sofrimento.
– Naturalmente que depois de trinta e oito anos sem se conseguir mexer, este homem não está imobilizado apenas das pernas; existe nele um profundo abatimento perante a vida toda. Ao cabo de um período tão longo de enfermidade, até o seu espírito se encontra bastante doente. Senão, reparem: Jesus pergunta-lhe se quer ficar curado. Parece quase ofensivo, dada a sua condição! Todavia, não ouve nem “sim” nem “não”; os seus ouvidos são bombardeados por um chorrilho de desculpas e culpabilizações: «Não há quem», «ninguém», «fico para trás»… Ou seja, na descrição do seu problema, o paraplégico posiciona a totalidade das causas da sua incapacidade fora dele, noutros que não podiam ou não queriam auxiliá-lo ou que, simplesmente, eram indiferentes à sua situação. A questão é que quando uma pessoa se justifica, sacode a responsabilidade dos seus ombros e mata a esperança – disserta a catequista.