Maria: Os Evangelhos dizem que Jesus se retirava com frequência para os montes para rezar.
José: E levava consigo os discípulos. São João (Jo 18, 2) diz que Ele se reuniu muitas vezes com eles no Monte das Oliveiras.
Leonor: Na última oração para a qual Jesus levou os apóstolos, Ele estava em dolorosa agonia.
Santiago: Comove-me ver Jesus sozinho, abandonado por todos, estendido no chão. A tristeza da solidão torna-se insuportável.
Maria: Mas Jesus não está sozinho. Tem Deus com Ele. E ensina-nos que, nos momentos difíceis, Deus está connosco, a dar-nos força para assumir o momento como expressão de amor.
José: Jesus viveu fazendo o bem. Por isso, não me custa entender que Ele tenha oferecido a sua vida para nos salvar. Custa-me é entender porque Lhe fizeram tanto mal.
Santiago: O mesmo Jesus que flagelaram e coroaram de espinhos, troçando dele, curou doentes, alimentou famintos, ressuscitou mortos…
Leonor: Naquele tempo, faltou a Jesus um advogado de defesa. E hoje, não nos faltará também a nós a coragem de defendermos a vida onde ela sofre todo o tipo de violência?
José: Tens razão. O nosso orgulho, inveja, egoísmo, covardia, comodismo, calúnias, apego exagerado às coisas deste mundo continuam a condenar Jesus à morte.
Maria: Mas não é por acaso que junto da cruz de Jesus estão a sua mãe e o discípulo que Jesus amava. Maria assume ali o papel de advogada de defesa, não de Jesus, mas nossa…
Leonor: Queres dizer que a frase de Jesus «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem», pode-lhe ter sido sussurrada por Maria?
Maria: Não me estranharia nada…
Santiago: E a presença de João, o discípulo amado, é símbolo e sublinha a fidelidade a toda a prova, a fidelidade que ninguém pode pôr em causa.