O grupo de Matilde prepara o Natal. Os jovens querem sair das habituais frases feitas, da superficialidade das prendas obrigatórias e dos slogans estafados e pouco enraizados, das luzes e decorações que distraem, ofuscando o verdadeiro sentido da festa natalícia. Este ano, sentem necessidade de realizar uma viagem profunda pelo seu íntimo, e assim arranjar um bom alojamento para o Menino que faz questão de aí descer.
A catequista começa por lhes transmitir que “pequenez” é o termo que Deus elegeu para marcar o Natal.
– Numa sociedade em que se valoriza demasiado o poder, a visibilidade, a força, a aparência, o êxito e outros parâmetros que apontam para cima, vem Jesus dizer – e mostrar – que afinal o caminho é para baixo, no sentido da humildade, da ternura e do serviço.
– É mesmo coisa d’Ele! – exclama a Cristina, entusiasmada com “o mundo ao contrário”, porém absolutamente coerente, a que este Jesus os vem desafiando há um longo período.
– Mas que pequenez será esta? – interroga a catequista. – Pretenderá o Senhor que os seus discípulos sejam menos do que as outras pessoas?
– Acho que não! – opina o Filipe com firmeza. – Penso que o que Ele aconselha é a simplicidade na nossa vida, é deixá-Lo habitar nas realidades do dia a dia, nos gestos mais singelos…
– E aceitar as nossas fragilidades e erros sem contestar que Ele nos ama tal como somos – acrescenta a Cristina.
– E acolher os pequenos, ou seja, os pobres e marginalizados, de quem tanto gostava e os quais servia – complementa o Joel.
– O evangelista Mateus escreveu estas palavras do Mestre: «Quem de entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir» (Mt 20,26-28). De facto, Jesus, sendo Deus, revelou-Se como uma criança pequena e indefesa; foi refugiado e quis receber o Batismo de João Baptista; escolheu gente muito simples para O seguir… – explica a Matilde.
– Não há dúvida de que o Evangelho inverte radicalmente os pressupostos todos! – observa a Inês.
– Parece estranho e perturbador, no entanto, os nossos corações já sabem que não são o dinheiro, a fama e a influência que nos proporcionam a alegria e a paz interior que todos desejamos – remata a catequista.