Ao longo deste ano de 2025, ano de Jubileu na Igreja Católica, vou propor-te como modelos de vida alguns missionários seguidores de São Daniel Comboni, chamados Missionários Combonianos do Coração de Jesus.
O que é o jubileu?
Na tradição da Igreja, inspirada pela prática dos judeus e na Bíblia (ler Livro do Levítico, capítulo 25, versículos 8 a 13), o jubileu é um ano para renovarmos a nossa relação com Deus, os outros e a Natureza. Isto é feito por meio de várias iniciativas, tais como peregrinações, celebrações de oração, eventos de reflexão e gestos de solidariedade. Por isso, vão decorrer em Roma, sobretudo, mas também em diversos países, atividades, chamadas jubileus, dedicadas a várias profissões e áreas da vida: jornalistas, artistas, professores, catequistas, etc.
Ao longo deste ano, vou destacar um jubileu em cada mês, e falar-te de um invencível que se evidencia nesse âmbito.
Jubileu do Mundo das Comunicações
De 24 a 26 deste mês, vão encontrar-se em Roma muitos profissionais do mundo das comunicações. E vou falar-te de um deles: o missionário comboniano padre Alex Zanotelli, que eu conheci no Quénia.
O padre Alex tem 86 anos e continua a ser um grande defensor dos direitos humanos. Ainda jovem padre, trabalhou como missionário no Sudão do Sul e, desde cedo, começou a defender os mais pobres e desfavorecidos: denunciava a corrupção dos líderes políticos e acusava-os de não ajudar a desenvolver as pessoas do seu país.
Mais tarde, como diretor da revista missionária comboniana Nigrizia, em Itália, acusou governantes italianos e dirigentes de topo europeus de provocar a fome nos países africanos por causa do sistema económico que defendiam e desenvolviam. Foi um artigo com o título «O rosto italiano da fome africana», publicado em 1985, que desencadeou uma perseguição a ele e à revista missionária.
E o padre Alex foi obrigado a demitir-se.
O padre missionário comboniano rumou ao Quénia e foi viver no bairro de lata de Korogocho, em Nairobi, um dos mais degradados e inseguros da capital queniana. Na língua local, Korogocho significa «caos». Foi aí que eu o conheci a viver numa barraca como a das pessoas deste bairro, e onde há muitos problemas humanos: sida, fome, prostituição, droga, alcoolismo, poluição, violência... Foi a partir dali que ele mostrou ao mundo a injustiça criada pelos poderosos e, ao mesmo tempo, labutou pela dignidade dos que lá vivem.
Atualmente, o padre Zanottelli vive nos bairros degradados de Nápoles, Itália, e continua o seu trabalho de denúncia das desigualdades e de promoção dos direitos humanos das pessoas esquecidas pelos governantes e pelas políticas injustas.