Valores
12 junho 2024

«O que Deus quer nunca é demasiado»

Tempo de leitura: 3 min
Conhece a história do padre José Ambrosoli. Foi beatificado a 20 de novembro de 2022, no Uganda.
Filipe Resende
Missionário comboniano
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Médico, padre missionário comboniano e inspirador, assim foi José Ambrosoli. Sétimo de oito filhos, nasceu no norte da Itália em 1925. Depois de uma juventude complicada para completar os estudos por causa da Segunda Guerra Mundial, terminou a licenciatura em Medicina com distinção. Nesta altura, a empresa da sua família tornou-se numa indústria grande em produtos de confeitaria na Itália. O êxito não afetou os seus ideais. Tinha uma sede profunda de Deus e de entregar a sua vida, como médico, ao serviço dos mais necessitados.

O que fez de invencível

Desde jovem, José Ambrosoli tinha um coração para os outros. Quando estudava Medicina, foi voluntário para a Suíça para acompanhar os judeus que eram perseguidos na guerra.

Em 1951, conheceu os Missionários Combonianos e tornou-se um deles. Quando estudava Teologia para ser padre, aproveitava o tempo livre para ir aos hospitais aprender a arte da cirurgia. Todos viam que tinha um carinho especial pelos doentes. Foi ordenado sacerdote em 1955 ainda antes de terminar os estudos de Teologia, porque necessitavam com urgência de dois médicos no Uganda, África. Durante trinta e dois anos – até à sua morte –, a missão do padre Ambrosoli desenvolveu-se no Hospital de Kalongo.

O padre Ambrosoli fez com que aquele hospital ugandês, situado numa zona remota e desconhecida, se tornasse uma referência nacional. E, numa atitude tão típica dos Missionários Combonianos, ensinou os ugandeses a serem médicos e enfermeiros dos seus irmãos, tendo criado uma escola de enfermagem, onde muitos aprenderam não só a profissão, mas também o amor, o carinho e dedicação aos outros.

Será sempre invencível

O padre José faleceu pensando que a guerra civil no Uganda iria deitar por terra todo o seu trabalho e sacrifício de trinta e dois anos, porque o hospital teve de ser encerrado e o pessoal foi transferido para outra cidade no país. Ele morreu durante a viagem, vítima de insuficiência renal. Tendo ele assistido tantos doentes, morreu sem um médico que o pudesse socorrer no meio da guerra. Pediu que fosse enterrado em terra africana e à maneira africana: envolto num simples lençol.

As suas últimas palavras foram proféticas: «O que Deus quer nunca é demasiado.»
E, de facto, a paz regressou. Dois anos mais tarde um grupo de missionários combonianos voltou para reabrir o hospital, que tinha sido guardado pelos guerreiros locais para surpresa de todos.

Foi beatificado a 20 de novembro de 2022, no Uganda.

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Setembro 2024 - nº 631
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