Valores
31 outubro 2019

«Colaboro na tradução da Bíblia para nhúngue»

Tempo de leitura: 3 min
O padre Manuel dos Anjos Martins nasceu em Gonçalo Bocas (Guarda). Tem 76 anos e é padre há 51. Com 12 anos, deu entrada no Seminário das Missões, em Viseu. Foi ordenado em julho de 1968 e partiu de imediato para as missões em Moçambique. Ao todo, já dedicou vinte e sete anos a este país irmão.
Redação
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O que o motivou para ser missionário e padre?

Foram vários fatores que me motivaram quando tinha 12 anos: o ambiente familiar religioso, as catequistas dedicadas numa paróquia fervorosa, o entusiasmo dos missionários, a leitura do livro Os Mártires do Uganda, editado pela Editorial Além-Mar, e o conhecimento da existência de povos mais necessitados de evangelização.

Qual foi o percurso formativo?

Frequentei o Seminário Menor, em Viseu, de 1954 a 1959. Em seguida, fiz o Noviciado em Vila Nova de Famalicão e consagrei-me a Deus para a vida missionária como comboniano, tinha 19 anos. Segui para a Maia, onde estudei Filosofia. Conclui o curso de Teologia em Venegono Superiore, Itália. E voltei a Portugal para a ordenação sacerdotal.

Qual foi a primeira experiência missionária?

A minha primeira experiência missionária foi em Moçambique, de 1968 a 1973. A primeira destinação foi a Escola Normal de Inhamízua, na Beira. Mais tarde, fui enviado para a diocese de Tete. Moçambique é o país onde passei a maior parte da minha vida missionária, com alguns períodos pelo meio de formação permanente na Europa e de animação missionária em Portugal.

 

Que missão tem desempenhado e o que recorda de mais positivo?

A minha vida missionária tem sido dedicada principalmente ao contacto direto com o povo. Colaboro no estudo dos costumes e das línguas locais, e na sua aplicação na liturgia e na catequese. O facto de ter partilhado com vários povos moçambicanos situações difíceis, como o conflito armado, inundações, seca…, foi o cumprimento do carisma de S. Daniel Comboni: fazer causa comum com o povo, e foi sinal de que a graça de Deus estava connosco.

Como são estes povos com quem tem trabalhado?

A maior parte do tempo estive com os nhúngues, na província de Tete, que são um povo de pastores seminómadas, com alguma agricultura de subsistência, numa zona quente e seca. O seu idioma, o nhúngue, é uma das línguas reconhecidas como línguas nacionais.

Estive também cerca de dez anos entre os ndaus, na Beira, capital da província de Sofala. É um povo principalmente agrícola, que fala uma das variantes da língua chona usada principalmente no vizinho Zimbabué.

De volta a Moçambique, o que lhe reserva o futuro?

O futuro está nas mãos de Deus. Continuo em Tete. Estou a colaborar na tradução da Bíblia para nhúngue, que é uma das poucas línguas moçambicanas que ainda não possuem essa tradução completa. Ao mesmo tempo, estamos atentos à situação dos cerca de 3000 deslocados, por causa das inundações do rio Revúbue, em março passado, que vivem em tendas na área de uma paróquia da cidade de Tete confiada aos Combonianos.

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