Zilda Arns, uma mulher incrível, nasceu em Santa Catarina, Brasil, em 1934. Morreu com 75 anos no terramoto na capital do Haiti de 12 de janeiro de 2010. No seu funeral, o presidente do Brasil, Lula da Silva, disse que Zilda morreu a fazer aquilo de que mais gostava, a visitar e cuidar dos pobres. Na verdade, ela estava no Haiti, um dos países mais pobres do mundo, a sensibilizar os cristãos para adotarem naquele país a Pastoral da Criança, um organismo católico de cuidado das crianças pobres, por si criado.
Visão de fé com sucesso
Era médica pediatra e especialista em saúde pública quando, já viúva e com os filhos criados, aceitou o convite do seu irmão arcebispo de São Paulo, D. Evaristo Arns, para organizar uma rede de cuidados de saúde para crianças pobres no Brasil. Esta ideia partiu de uma reunião da Unicef em Genebra em que o arcebispo participou e onde lhe foi sugerido que a Igreja Católica no Brasil se comprometesse na luta contra a alta mortalidade de crianças com menos de 6 anos.
O projeto teve muito êxito. Em 1983, iniciou um projeto-piloto no Paraná. Após um ano de trabalho, conseguiu-se baixar o índice de mortalidade infantil de 127 mortes para 28 por cada mil nascimentos. Este êxito levou à expansão do projeto a todos os Estados do Brasil. Em 2001, os Estados onde a Pastoral da Criança estava implantada registaram uma taxa de mortalidade infantil de 13 mortes por cada mil nascimentos, quando a média no Brasil era de 34 mortes.
Estratégias eficazes e baratas
Apoiada por 260 mil voluntários, na sua maioria mulheres, que recebiam formação profissional, a Pastoral da Criança utiliza uma estratégia simples, eficaz e de baixo custo de comunicação do saber e cuidados de saúde. As voluntárias oferecem 24 horas por mês para irem aos povoados mais distantes visitar as famílias mais pobres, ensinando-as a cuidar dos seus filhos e dando-lhes lições básicas de saúde e nutrição. Incentivam o aleitamento materno, ensinam a prevenir doenças com medicação produzida domesticamente. O custo mensal da estratégia é de menos de um euro por mês por criança para prevenção, sendo o sistema de saúde público mais económico.
Porque será sempre invencível
Conhecida como a Madre Teresa do Brasil, Zilda Arns deu tudo o que era e tinha aos pobres. Morreu entre eles. O seu exemplo e trabalho ficam para a História como testemunho de dedicação e altruísmo para com os mais indefesos e vulneráveis: as crianças.