Era eu adolescente quando recebemos na catequese um grupo de seminaristas, que vinham contar-nos como tinham descoberto a sua vocação missionária. Impressionou-me a serenidade e alegria com que o contavam. E perguntei porquê.
– Porque sei que foi Deus quem me deu esta vocação. Ou seja, não é uma ilusão minha. E porque Ele estará sempre comigo para me ajudar a cumpri-la – respondeu um.
Pensei, então, que talvez seja esse o motivo das diferenças que encontro em pessoas que não têm fé ou que vivem sem a ajuda desta virtude. Para quem não vê Deus como a boa e feliz origem da sua vocação, tanto o casamento como uma profissão são compromissos humanos, tarefas humanas. E por serem só humanas corre-se o risco do cansaço, da desilusão, do medo, da fuga, como se vê nos dias de hoje.
Confiar na vontade de Deus
Aprendi que viver a própria vocação – seja sacerdote, freira, irmão consagrado, leigo casado ou solteiro – mantendo uma relação pessoal com Deus, há todas as razões para se ser feliz. Porque contamos com a sua inspiração, ajuda, proteção, o seu Espírito Santo.
Deus concede-nos esses dons. E, quando estamos mais desorientados, vai-nos lembrando o momento em que a nossa vocação começou. Ouço-o em homilias de ordenações sacerdotais e de casamentos: «Quando sentires dificuldades, volta a este dia, ou a quando começaste a enamorar-te. Apaixona-te de novo. Compromete-te de novo.»
Isto é verdade. No capítulo 1 do Evangelho de São João, os primeiros discípulos que conviveram com Jesus lembravam-se até da hora: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39).
Então, qual é a melhor atitude quando não sabemos o que fazer? É pormo-nos diante de Deus e orar: «Se Tu, Jesus, queres, eu quero.»
É normal e bom fazer planos, ter sonhos. Quando o fazemos, dizemos: «Amanhã, farei…»; ou «no dia tal, vou…»
Mas o apóstolo São Tiago diz sobre este assunto: «Vós dizeis: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, faremos negócios e ganharemos bom dinheiro.” Vós, que nem sequer sabeis o que será a vossa vida no dia de amanhã! Em vez disso, deveis dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”» (Tg 4, 13-16).
«Se Deus quiser» devia acompanhar cada plano que fazemos. Então, se entregamos cada plano nas mãos do Senhor, guiados por Ele, estaremos dispostos a ir até ao fim do mundo, até aonde Ele nos conduzir.
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