De ascendência cabo-verdiana e jamaicana, Marley nasceu em Filadélfia e cresceu em West Orange, nos Estados Unidos. Desde que se lembra, os livros sempre foram uma das suas companhias preferidas – além das amigas e dos amigos, claro. Mas, tinha ela 11 anos – agora já estuda na universidade –,
quando se deu conta de que os livros de leitura obrigatória na escola eram todos muito parecidos, sempre com as mesmas personagens. Aborrecida, queixou-se à mãe: estava farta de ler sobre rapazes brancos e cães. Naquelas histórias não havia meninas negras, como ela.
A mãe ouviu-a com atenção e depois deu-lhe uma resposta que a deixou a pensar: «Então e o que vais fazer acerca disso?»
Mas ela não teve de pensar muito. Sim, havia algo que podia fazer, e não só para si própria, que era procurar livros em que também entrassem meninas negras, e nos quais ela e muitas outras meninas também pudessem rever-se.
Mil livros para a Jamaica
Foi assim, que, aos 11 anos, em 2015, Marley lançou o ambicioso projeto #1000BlackGirlBooks, com a ajuda da mãe. A ideia era juntar mil livros infantis e juvenis com histórias sobre jovens heroínas negras, e depois enviá-los para a escola primária e a biblioteca da paróquia de St. Mary, na Jamaica, onde a mãe tinha vivido em criança.
Marley e duas amigas, Amina e Briana, puseram-se a pesquisar títulos, divulgaram o projeto nas redes sociais, contactaram bibliotecas e editoras, e os livros começaram a chegar, doados por pessoas interessadas em ajudar. Depois, o #1000BlackGirlBooks tornou-se notícia, atraiu a atenção de empresas e de grandes editoras, que decidiram apoiá-lo. Em 2016, o objetivo foi cumprido e os mil livros voaram para a Jamaica. Marley é que já não parou. Conheceu autores, foi convidada para escrever artigos em revistas e acabou, ela própria, por escrever um livro, Marley Dias Gets it Done: And So Can You!, no qual conta a sua história e dá algumas dicas. A principal é esta: se há um problema, então o melhor é arregaçar as mangas!