Houve um tempo em que havia muitas dúvidas, e não passaram assim tantos anos – quinze, vinte, talvez um pouco mais, o que significa que andará pela vossa idade. Nessa altura, as alterações climáticas, ou o aquecimento global como se dizia então, eram um enorme talvez. Os cientistas dividiam-se, uma grande parte considerava que não havia observações nem dados suficientes para uma conclusão definitiva – e de facto não havia, estava tudo a começar.
Hoje, duas décadas e muitos estudos científicos depois, a realidade impôs-se sem equívocos. As observações e medições da temperatura global, que tem aumentado consistentemente, a subida do nível do mar, que é verificável e já ameaça regiões costeiras e ilhas de baixa altitude em vários pontos do mundo, ou os fenómenos meteorológicos extremos, com furacões mais frequentes, chuvas diluvianas e secas prolongadas a baterem todos os recordes antes registados, não deixam margem para dúvidas. As alterações climáticas estão a acontecer, e a causa está identificada pela ciência: as emissões de gases com efeito de estufa produzidas pela nossa civilização movida a petróleo, a gás e a carvão têm injetado uma grande quantidade de nova energia na atmosfera da Terra. E esta, como sistema complexo e delicado que é, responde em conformidade, ajustando-se a novos equilíbrios, que infelizmente não nos são nada propícios.