Sala de convívio
26 agosto 2023

A invenção da cama de rede

Tempo de leitura: 2 min
Esta lenda indígena da América explica como surgiram as camas de rede entre os nativos daquele continente.
Redação
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Narrador: Antigamente, não existiam redes de dormir. Homens e mulheres dormiam no chão em cima de folhas, ou em árvores, como os macacos.

Tamaquaré (para a noiva): Aproxima-se o dia do nosso casamento, Moema, e não quero dormir mais no chão como os outros homens.

Moema: Eu também não quero dormir no alto das árvores. Tenho medo de cair.

Tamaquaré: Vou falar com o tucano. Talvez ele me possa sugerir uma solução.

Moema: Cuidado: o tucano tem o bico curto, mas língua comprida.

Narrador: O Tamaquaré encontrou a ave e fez-lhe um pedido:

Tamaquaré: Tucano, vou casar-me e já não quero dormir no chão, nem pendurado como um macaco. Podes ajudar-me a resolver este problema?

Tucano (depois de pensar muito): Podes trazer-me um monte de trepadeiras cipós?

Tamaquaré: Está bem. Vou buscar.

Tucano: Agora, faz como eu: começa a trançar.

Tamaquaré: Está a ficar bonito e dá gosto ver.

Tucano: Agora, eu ato a esta árvore e tu vais atar àquela. Depois, deita-te na rede.

Tamaquaré (já deitado): É uma maravilha! Muito obrigado! Mas eu não quero que ninguém saiba como consegui a rede. Não contes a ninguém, senão, vou zangar-me contigo!

Narrador: O tucano ficou calado durante algum tempo. Mas, no dia do casamento de Tamaquaré, ele comeu e bebeu tudo o que podia. E, no meio da festa, disse bem alto:

Tucano: O Tamaquaré não vai dormir no chão como os outros! Vai dormir na rede que eu fiz! Vai dormir bem confortável!

Tamaquaré: Se não te calas, castigo-te!

Tucano: Não estou a mentir. Olhem para a rede estendida junto da casa de Tamaquaré e Moema.

Homem da tribo: É maravilhoso!

Mulher da tribo: Estou encantada!

Moema: Não és de confiança, tucano. Vou agarrar-te esse bico e puxar com força.

Tucano: Socorro! Não vês que o meu bico está a crescer?!...

Moema: Agora, com esse bico comprido e grosso, vais deixar de ser linguarudo. Não vais, sequer, conseguir falar. Dirás apenas nhé-nhé-nhé…

Tamaquaré: E que os deuses te façam voar curto.

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EDIÇÃO
Dezembro 2024 - nº 634
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