Praticamente toda a gente conhece a expressão que é o título desta crónica e cita a sua versão resumida em latim: Carpe diem! Ela faz parte da frase Carpe diem quam minimum credula postero, que, traduzido literalmente, significa «aproveita o dia e confia o mínimo possível no amanhã». Basicamente, é uma espécie de «desfruta o momento presente».
Cada vez mais me tenho vindo a aperceber do corre-corre que a vida é. Ela seria uma espécie de maratona, mas todos tentamos vivê-la como uma corrida de velocidade. O problema é que é impossível viver nesse ritmo a todo o momento, e por isso é que muitos atletas desmaiam após o sprint final das corridas. No nosso caso, isso seria o equivalente ao tão falado burnout («esgotamento» seria a tradução mais aproximada) e todos os tipos de quebra na saúde mental que se têm vindo a intensificar imensamente na sociedade.
É aqui que sinto a falta do carpe diem. Parece que perdemos a capacidade de parar, respirar e viver o presente. A ansiedade constante leva-nos a estar permanentemente um passo à frente do chão que pisamos. Queremos sempre algo que não temos, e quando temos já não queremos porque o objetivo já passou a ser outro. Já não paramos para olhar o rosto de quem amamos; não respiramos nem sentimos a felicidade de um objetivo cumprido; não apreciamos um pôr do sol… Já não agradecemos – só pedimos, pedimos e pedimos.
Vivo a semana à espera do fim de semana. Vivo o ano à espera das férias de verão. E, pior do que isso, sempre que estou nesses momentos, não os vivencio porque fica a sensação de que já terminaram.
Acredito que todos precisamos de carpe diem: um dia de cada vez!