Trata-se de uns quantos versos (na íntegra, são 616) de um poema autobiográfico de Paulino de Pella, autor do século v, conhecido sobretudo por este texto, intitulado Eucharisticon Deo sub ephemeridis meae textu, que podemos traduzir por «Gratidão a Deus nas páginas do meu diário». É uma espécie de ação de graças (eucharisticon) em forma de narrativa poética, em que o autor reconhece a intervenção divina nos acontecimentos da sua vida.
De todo o poema, interessam-nos os decem signa ignorantiae — dez sinais da ignorância.
Ei-los, esses sinais, que Paulino identifica com as falhas de caráter e comportamento que reconheceu em si mesmo ao longo da vida:
Laudes appetere nimis.
Discere recusare ab aliis.
Consilia sapientium contemnere.
Omnia se scire putare.
Aliis se praeferre.
De rebus loqui quae non intellegit.
Tardum esse ad discendum, celerem ad obliviscendum.
Sibi ipsi placere in loquendo.
Iratus fieri cum corrigitur
Errores suos non agnoscere.
E agora a tradução:
Procurar elogios excessivamente.
Recusar aprender com os outros.
Desprezar os conselhos dos sábios.
Achar que se sabe tudo.
Considerar-se superior aos outros.
Falar de assuntos que não se compreende.
Ser lento a aprender e rápido a esquecer.
Gostar de se ouvir a si mesmo.
Ficar irritado quando corrigido.
Ser incapaz de reconhecer os próprios erros.
Se eu fosse professor, os TPC sobre esta matéria seriam fazerem o oposto disto: não procurarem excessivamente elogios, não recusarem (antes ansiarem por) aprender com os outros, acatarem (e até procurarem) os conselhos dos sábios (que são as pessoas mais velhas, os vossos pais, avós, professores), etc. Acho que já perceberam. Agora toca a praticar.