Sala de convívio
26 fevereiro 2025

Uma questão de distância

Tempo de leitura: 2 min
A Magui conta que tem pensado bastante no que é a distância, e no quanto ela pode ser relativa.
Margarida Leal
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Nos últimos dias, tenho pensado bastante no que é a distância, e no quanto ela pode ser relativa. Vou tentar clarificar. 

Antigamente, para se estar longe bastava estar fora do alcance da vista ou do toque. Era impossível comunicar com alguém, mesmo que fosse a distâncias relativamente curtas, e o esforço necessário para encontrar alguém era substancialmente superior ao que tem de se fazer atualmente.

Hoje em dia, eu posso estar “perto” de quem eu quiser, mesmo estando a milhares de quilómetros de distância, ainda que esteja separada de quem desejo alcançar por um oceano inteiro. A facilidade com que podemos ouvir, falar e ver pessoas é inacreditável!… Aliás, não faltará muito para ser até possível o toque à distância! Isto, claro, para não mencionar a facilidade e acessibilidade dos meios de transporte, que nos permitem estar tão longe, tão rápido…

E, ainda assim, parece que estamos cada vez mais distantes uns dos outros… Cada vez mais desconectados, mesmo que a conexão à rede de wi-fi seja máxima… Mas porquê? Talvez porque estamos tão preocupados com a conexão com o mundo  – inclusive com pessoas cuja opinião deveria ser irrelevante –, queremos tanto mostrar uma vida perfeita e agradar, que não nos apercebemos de que fica a faltar o mais importante.

Afinal, será que estamos hoje mais perto ou mais longe uns dos outros? E o que podemos fazer para preencher o fosso que nos separa de quem está mesmo à nossa frente? Como podemos conectar-nos verdadeiramente (e não é à rede!)? Como podemos usufruir da melhor forma das tecnologias para melhorar as nossas relações (incluindo com quem amamos e de quem não podemos estar perto), sem menosprezar a beleza do que e de quem nos rodeia?

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EDIÇÃO
Fevereiro 2025 - nº 637
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