Personagens: Narrador, Raposa Vaidosa, Formiga, Raposa Anciã, Raposa Curiosa.
Narrador: Era uma vez uma raposa vaidosa, que se achava a mais bonita da floresta. Tinha uma das caudas mais belas da família e da vizinhança. Passava o tempo a exibir-se, mesmo quando ia à caça. Num desses dias, caiu numa armadilha:
Raposa Vaidosa: Socorro! Quem me vem salvar?
Formiga: És ágil e astuta: mexe-te e vais salvar-te.
Raposa (mexendo-se, liberta-se): Obrigada, formiga. Mas… Oh, que horror! Fiquei sem a cauda!
Formiga: Foi azar! Porém estás viva!
Raposa: Sim, mas agora sou a única raposa sem rabo do mundo! Que vergonha!
Formiga: Se é um problema, não lamentes. Tens de o resolver.
Raposa: Tive uma ideia. Vou convocar todas as raposas da floresta para uma reunião.
Narrador: E todas as raposas compareceram no local e hora marcada.
Raposa Anciã: Qual é esse assunto gravíssimo que interessa a todas as raposas?
Raposa Vaidosa: Amigas, que utilidade tem para nós a cauda? Bonita não é. Vantajosa, também não. Porquê continuar com este apêndice ridículo?
Raposa Curiosa: O que sugeres que façamos?
Raposa Vaidosa (dissimulando): Tirem-na como eu fiz. É a última moda. Todas as raposas modernas fazem como eu.
Raposa Anciã: Raposinha, raposinha, se és matreira, eu sou-o muito mais. Estás a mentir!
Raposa Curiosa: De facto, antes orgulhavas-te da tua cauda.
Raposa Anciã: Porque tiveste a infelicidade de ficar sem a cauda, queres enganar-nos, para que não fiques rebaixada?
Raposa Vaidosa: Sim, é isso. Reconheço.
Raposa Anciã: Escuta um conselho: é bom que as raposas infelizes queiram que as outras as acompanhem na sua dor. O que não nos podes pedir é que façamos mal a nós mesmas, para que tenhamos a mesma infelicidade que tu.