Personagens: Narrador, andorinha, junco, príncipe, menino, menina, Deus.
Narrador: Na mais central praça da cidade erguia-se a estátua do Príncipe Feliz. Era uma autêntica joia. Um dia, pousou aos pés da estátua uma formosa andorinha, que estava de passagem para o Egito.
Andorinha: É a minha última oportunidade. Atrasei-me, por querer convencer um junco a acompanhar-me na viagem. Mas ele dizia-me…
Junco: Não posso separar-se da terra que me dá a vida, apesar do amor que me liga a ti, querida andorinha...
Andorinha: Estátua, reparo que duas gotas te molham a cara... São duas grossas lágrimas! Porque choras, príncipe?
Príncipe: Pelos pobres da cidade, amiguinha. Há tantos! Os altos muros do palácio não me deixavam ver. Mas desde que me puseram aqui posso ver a pobreza de tanta gente, e sinto-me angustiado. Queres ajudar-me?
Andorinha: Estou de passagem para o Egito...
Príncipe: Insisto, amiguinha, preciso de ti.
Andorinha: Vou ajudar-te. Poderia ir-me embora, quando a tua bondade me atrai?
Príncipe: Arranca o rubi da minha espada. Leva-o àquele casebre, onde vivem umas crianças pobres. Querem pô-los na rua…
Andorinha: Meninos, recebam este rubi.
Menino: Obrigado, andorinha.
Menina: Podemos vendê-la e com o dinheiro pagar a renda da nossa casa.
Andorinha: Terminei, príncipe. Agora vou partir para o Egito.
Príncipe: Há mais pobres na cidade. Leva uma safira a um escritor doente, que é tão pobre que nem pode pagar os remédios.
Andorinha: Mas a safira é um dos teus olhos!
Príncipe: Não faz mal! Anda, vai ajudá-lo.
Andorinha: A safira vai salvar o escritor. Agora já posso voar para o Egito, onde passarei o inverno junto com as minhas irmãs?
Príncipe: Há mais pobres na cidade. Tira-me a outra safira.
Andorinha: Ficarás cego!
Príncipe: Não faz mal. Vai socorrer outros pobres. Arranca uma a uma as lâminas de ouro da minha estátua.
Andorinha: Amigo, ficarei sempre contigo, mesmo quando já nada de valor te restar.
Narrador: Numa noite fria, a andorinha morreu, e o Príncipe Feliz sofreu muito. Como a estátua sem os enfeites ficara muito feia, um dia baixaram-na do pedestal e levaram-na para uma fundição. Mas do Céu ouviu-se uma voz:
Deus: Tragam ao Céu o coração do Príncipe Feliz e o corpo da Andorinha. Deram amor aos pobres. Por isso vão ficar eternamente ao meu lado.