Conta a tradição oral que, há muitos séculos, um grupo encabeçado pelo seu chefe guerreiro Miskut emigrou desde a América do Sul, viajou pela costa das Caraíbas e estabeleceu-se num lugar onde convergiam um rio, uma lagoa e o mar. Chamaram-se Miskut kiampka kiampka, que significa «A família de Miskut», nome entretanto reduzido para misquitos.
Uma mudança significativa na configuração deste povo aconteceu a partir do século XVIII. As uniões maritais entre indivíduos pertencentes a grupos étnicos diferentes deram origem a misquitos índios e mestiços e, dentro destes, aos zambos: filhos da união entre índios e africanos.
Vivem em pequenas comunidades. E contribuem para a sustentabilidade da Reserva Natural Bosawás, a maior reserva florestal da América Central e a terceira do mundo, que é também a segunda floresta tropical da América.
Eles mantêm a sua cultura, a sua língua
– também chamada misquito – e a organização social com base em governos territoriais, em que juízes e conselhos de anciãos exercem a autoridade.
Este povo está muito ligado à Mãe Terra: à água, a todos os outros recursos naturais e aos seres vivos. Fazem uso deles racionalmente. Praticam a agricultura de subsistência. Usam madeira para fazer as casas. Os barcos de madeira são o seu meio de transporte. Pescam com anzóis e, se o peixe for muito pequeno, é devolvido à água. Do mesmo modo, não caçam animais mais do que precisam e protegem os mais frágeis.
Grande parte do folclore misquito está relacionado com as suas crenças, e foi preservado pelos seus xamãs, chamados sukia, que são como sacerdotes, exorcistas, curandeiros e conselheiros espirituais. Antigamente acreditavam num deus Sol, que vivia no céu. Outras forças da Natureza, incluindo a Lua e o vento, também eram veneradas. Acreditavam que uma variedade de espíritos tinha influência útil ou nociva sobre os seres humanos, até a de causar a morte.
Foram evangelizados por missionários da Igreja Anglicana desde meados da década de 1770 e, atualmente, a maioria dos misquitos é cristã.