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27 maio 2019

Por opção, tornou-se sem-abrigo filantropo.

Tempo de leitura: 1 min
Todas as manhãs Ottó ajoelha-se na calçada do bairro Marconi, em Roma, e mostra um papelão com as palavras: «Eu moro na rua. Vinte e cinco cêntimos para mim são vida. Obrigado pela ajuda». Mas Ottó não guarda toda a ajuda para si, partilha-a com aqueles que estão em situação pior do que a dele.
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Ottó Kovács nasceu na Hungria. Tem 52 anos. A sua vida mudou radicalmente há 21 anos, em 1998. Largou tudo o que tinha para se mudar para a Itália e tentar outro modo de vida. «Eu estava cansado da vida que levava. O trabalho não me dava satisfação e o dinheiro nunca era suficiente. Decidi tentar viver um dia de cada vez», diz Kovács, que desde 2000 vive nas ruas de Roma, como sem abrigo.

«A esmola que recebo é suficiente para viver. Eu fico apenas com o necessário, o resto eu entrego à Associazione Venite e Vedrete (Associação Vinde e Vede), uma organização sem fins lucrativos que apoia as missões na Tanzânia e no Brasil.»

O facto é confirmado por Federico Santi, professor de engenharia energética da Universidade La Sapienza e responsável, juntamente com a esposa, Francesca Chinappi, professora, pela ONG Venite e Vedrete, que tem a sede em Santa Marinella (Roma): «Nunca me tinha acontecido, em tantos anos de voluntariado, receber dinheiro de uma pessoa sem-abrigo. Ottó Kovács, de 2014 até hoje, doou 2245 euros, que foram entregues inteiramente a um dos centros para órfãos que temos entre a Tanzânia e o Maláui, administrados pelas Irmãs Missionárias Carmelitas de Santa Teresa do Menino Jesus. Ottó é um exemplo único de solidariedade. Naturalmente, tornou-se a mascote da Associação.»

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