Globalmente, um terço dos alimentos são desperdiçados. Na Europa o valor alcança as 88 milhões de toneladas e em Portugal se calcula que chega a um milhão de toneladas. O problema do desperdício alimentar é uma realidade irracional do ponto de vista económico e injusta do ponto de vista social e ambiental: 30% dos alimentos produzidos acabam no lixo, enquanto o número de pessoas desnutridas e a passar fome aumenta. Foi neste contexto que nasceu o Movimento Unidos Contra o Desperdício, que como expressam no manifesto, é «um movimento cívico e nacional, agregador e educativo, que une a sociedade num combate activo e positivo ao desperdício alimentar». Pretende chamar a atenção para o desperdício alimentar e encontrar forma de o minorar. Junta a 10 entidades portuguesas, nomeadamente a rede de bancos alimentares, instituições que se dedicam ao aproveitamento de comida e outras organizações de interajuda, do sector público e privado.
Unidos Contra o Desperdício nasceu precisamente no Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perda e Desperdício Alimentar, 29 de Setembro, instituído pela assembleia geral da ONU, tendo sido este ano a primeira vez que a efeméride foi celebrada no mundo inteiro.
O movimento, tem como finalidade «chamar a atenção, para consciencializar e mudar atitudes. Ao longo de toda a cadeia, impactando todos os intervenientes: os que produzem, os que fabricam, os que transformam, os que embalam, os que transportam, os que consomem, os que descartam os resíduos». «Tornar habitual o aproveitamento de excedentes, alertar para perdas e desperdícios, incentivar e facilitar a doação das sobras e promover o consumo responsável» são objectivos do movimento.
O desperdício alimentar, afirmam, «é um problema de todos». É, nesse sentido, que as soluções têm de partir de todos. «Unidos para produzir com sustentabilidade. Unidos para distribuir valor. Unidos para consumir com responsabilidade», afirma o manifesto do movimento.
Este ano, o movimento propõe-se desenvolver um conjunto de acções que consciencializem a sociedade para a importância do tema.
No mundo actual coexistem, de modo contraditório e injusto, a fome e o desperdício alimentar. Este é assunto que tem preocupado a Igreja Católica, nomeadamente o Papa Francisco: «É cruel, injusto e paradoxal que hoje haja alimento para todos e que nem todos tenham acesso a eles ou que existam regiões do mundo em que o alimento é desperdiçado, deitado fora, consumido em excesso ou que a comida seja destinada a outros propósitos que não são alimentares», escreveu o Santo Padre na mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, em 2019.
