Notícias da Missão
01 abril 2019

RD do Congo: Ébola divide a sociedade

Tempo de leitura: 2 min
Na cidade de Butembo, RD do Congo, o vírus ébola divide a sociedade e a Igreja, como nos conta o padre Claudino Gomes, missionário comboniano.
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Na cidade de Butembo, de um milhão e 200 mil habitantes, vê-se serenidade. É uma beleza ir ao imenso Mercado Central. Mas há medo e tensão. 

O vírus ébola dividiu a sociedade e a Igreja. Uns, segundo a interpretação tradicional da origem das doenças, afirmam que o ébola é efeito de magias feitas por inimigos e que a medicina ocidental não serve para tratar os doentes.

Outros, politizaram a questão e opõem-se às orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde. Dizem que os técnicos vindos para aqui só vêm ganhar dinheiro e tratam as populações locais com desprezo. 

Resultado das duas teorias: opor-se radicalmente e mesmo com a violência contra as acções de rastreio e destruir os Centros de Tratamento do Ébola (CTE). Outros dizem que a destruição dos CTE é obra dos Ruandeses que, pela via do Ébola, querem continuar o genocídio destas populações Nande, em execução desde Outubro de 2014 e que já causou bem mais de 2 mil mortos, com métodos de crueldade muito ruandesa, desconhecida na tradição congolesa.

Outros, católicos e evangélicos, com uma religião cheia não de fé mas de fideísmo, recusam os tratamentos porque, dizem, fazer oração de cura pelos doentes é quanto basta. O Bispo católico D. Melquisedec está sob fogo por parte de muitos do Renovamento Carismático e de padres e religiosas, porque enviou uma Nota Pastoral advertindo que a oração de cura exige também as consultas de rastreio, hospitalização, tratamento e todos os cuidados profilácticos recomendados. Corre-se o risco de um cisma, na Igreja.

Na base desta situação não está só uma questão de erro teológico (o fideísmo), mas levanta-se o ídolo dinheiro: nas sessões de Oração de Cura, cada graça ou 'milagre' tem que ser bem pago/a. É o que fazem as seitas evangélicas e esses católicos copiam, pondo-se directamente contra o Bispo. Anteontem, uma multidão quase o linchava...

Ontem, estive com o Bispo. Está muito preocupado com a divisão na Igreja. E repete, fazendo o gesto universal que indica dinheiro: "É tudo movido pela sede do dinheiro"...

Orai por esta Igreja local de Butembo-Beni.

P. Claudino Gomes

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