Daniel Comboni nasceu a 15 de Março de 1831, em Limone sul Garda, Itália e morreu em Cartum, Sudão, no dia 10 de Outubro de 1881. Foram apenas 50 anos de vida, devorados por uma grande paixão: a de levar o Evangelho até ao coração da África, caracterizada pela miséria e pelo comércio de escravos.
Comboni, desde criança, sente o desejo de ser missionário e ir para o Japão, onde, no início do século XVII, mais de duzentos cristãos, entre bispos, padres e leigos, tinham sido mortos como mártires da fé. Comboni sente-se entusiasmado ao ler o livro «Os Mártires do Japão».
Aos 18 anos, sendo aluno do Colégio do padre Nicolau Mazza, que acolhia as crianças pobres para que pudessem continuar os seus estudos, escutou o testemunho do padre Vinco, um missionário que regressava do continente africano. Este falou das regiões inexploradas onde povos inteiros morriam de fome, de doenças e por causa do comércio de escravos. Referiu também que muitos cristãos tinham tentado chegar, mas viriam a falecer por causa do cansaço e das doenças tropicais ou tinham regressado à Europa doentes e desanimados.
Comboni sentiu-se interpelado e decidiu consagrar a sua vida à evangelização do continente africano. Mais tarde confessou: «O primeiro amor da minha juventude foi a infeliz Nigrícia». «Estou inteiramente disposto a suportar, sem medo, a morte, com o mais atroz dos martírios, ainda que para salvar uma só pessoa da África; resolvido como estou há trinta anos, a dar mil vezes a vida pela redenção da África».
Em Setembro de 1857, com 26 anos de idade e já padre, Comboni realiza o seu sonho: parte para a África com mais cinco companheiros.
Um mês após chegarem à missão de Santa Cruz, morre o chefe da expedição missionária, o padre Oliboni. Antes de falecer, este disse aos seus companheiros: «Não abandonem a obra começada. Mesmo que fique um só de vós, não desanimem! Deus quer a Evangelização dos africanos». Comboni fez naquele momento, no seu íntimo, um juramento. «Ou África ou Morte».
«Não nos deve desanimar a magnitude nem a dificuldade do nosso trabalho. Temos ao nosso lado o próprio Cristo que trabalha e sofre por nós e connosco.»
De 1862 a 1864, Comboni vive dois anos decisivos. Percorre a Itália e vários países da Europa com a finalidade de envolver os cristãos europeus na tarefa de evangelização da África. Estabelece contactos, recolhe fundos, procura colaboradores, acolhe ideias para elaborar um plano. No dia 15 de Setembro de 1864 escreve o «Plano para a Evangelização da África Central». Este "plano" tinha uma inspiração central: os missionários deviam ir à África não para se instalar nela mas para criar as condições que levassem os próprios africanos a ser promotores da evangelização da África. O lema era: «Salvar a África com África». «Cristo disse-nos expressamente que todos nós somos irmãos, sem distinção entre brancos e negros... Para que a Igreja seja verdadeiramente católica (isto é, universal), falta-lhe ainda a presença dos africanos.»
Em 1867, para cumprir o seu plano, Comboni fundou o Instituto para as Missões Africanas, hoje chamado Missionários Combonianos do Coração de Jesus, e em 1872, funda as Pias Mães da Nigrícia, hoje Irmãs Missionárias Combonianas.
Em 1877 foi nomeado bispo da África Central. No dia da tomada de posse, em Cartum, afirmou: «No meio de vós, nunca deixarei de ser vosso. O dia e a noite, o sol e a chuva encontrar-me-ão sempre pronto para as vossas necessidades: o rico e o pobre, o são e o enfermo, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre acesso ao meu coração. Faço causa comum convosco e o mais feliz dos meus dias será aquele em que puder dar a vida por vós.»
No dia 10 de Outubro de 1881, em Cartum, Comboni sucumbe devido ao peso do cansaço e das febres, dizendo aos seus companheiros: «Coragem no presente, mas sobretudo no futuro. Eu morro, mas a minha obra não morrerá!»
«Para implantar a cruz de Cristo no centro da África, teremos que padecer, ser desprezados, condenados e talvez morrer. Porque é lei constante da Divina Providência que as obras de Deus nasçam e cresçam aos pés da cruz.»
Nesta obra recolheram-se os escritos de Comboni até hoje em nossa posse, autógrafos e dedicatórias, cartas pessoais, relatórios e documentos escritos entre 1850 e 1881. Desses, 842 são publicados com o texto integral e os restantes 358 são apenas referenciados, por se tratar de assinaturas, breves anotações, elencos de nomes, estatísticas, notas administrativas ou duplicados de documentos.
Um livro fundamental para conhecer Comboni em primeira pessoa, o seu trabalho e a África central do século XIX.